Em reunião nesta quarta-feira (12/11) na Câmara dos Deputados, governadores de centro-direita pediram ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), o adiamento da votação do Projeto de Lei Antifacção. O apelo partiu dos governadores Ronaldo Caiado (União Brasil, Goiás), Cláudio Castro (PL, Rio de Janeiro) e Romeu Zema (Novo, Minas Gerais).
O argumento do grupo foi o de que um projeto dessa magnitude, com impacto direto sobre a política de segurança pública e sobre o papel das polícias estaduais e federal, não pode ser votado às pressas. Eles defenderam um debate mais amplo com a sociedade civil antes de qualquer decisão em plenário.
Durante a reunião, segundo relatos, Zema chegou a sugerir que uma comissão formada por governadores e parlamentares viaje a El Salvador para conhecer de perto o modelo de segurança implementado pelo presidente Nayib Bukele.
O relator do projeto, deputado Guilherme Derrite (PL-SP), já havia retirado do texto original trechos que reduziam a autonomia da Polícia Federal. Mesmo assim, o clima de tensão permanece, e a pressão das ruas parece ter surtido efeito.
Nove entre dez analistas políticos em Brasília avaliam que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas — idealizador inicial do projeto — percebeu que cometeu um equívoco político ao associar seu nome a uma proposta vista como tentativa de blindagem das polícias estaduais e limitação da PF. A forte reação popular, comparada àquela que derrubou a “blindagem” de autoridades em outros tempos, fez o governador recuar.
Segundo esses analistas, o esforço de Tarcísio agora é tentar reduzir os danos políticos de um episódio que já deixou marcas visíveis em sua imagem nacional.