Texto

A pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência da República em 2026 durou pouco como instrumento de pressão política. No segundo dia após o lançamento do seu nome, o próprio Flávio tratou de admitir publicamente que pode não levar o projeto adiante e, mais do que isso, revelou que existe um “preço” para que ele desista.

A declaração foi feita neste domingo (7), durante um evento com apoiadores. Sem rodeios, o senador deixou claro que sua entrada na disputa não está, necessariamente, vinculada ao desejo real de disputar o Planalto.

— Tem uma possibilidade de eu não ir até o fim e eu tenho um preço para isso, que eu vou negociar. Eu tenho um preço, só que eu só vou falar para vocês amanhã — afirmou.

Questionado sobre qual seria essa contrapartida, Flávio apontou imediatamente para o projeto de anistia dos condenados pelo Supremo Tribunal Federal no processo que apurou a tentativa de golpe de Estado.

— Espero que a gente paute essa semana a anistia. Espero que os presidentes da Câmara e do Senado cumpram o que eles prometeram, que pautariam a anistia, e deixem o pau cantar no voto no plenário, que é o que a gente sempre quis — disse.

Instado novamente a confirmar se a aprovação da anistia seria a condição para sua saída da disputa presidencial, o senador respondeu com mais uma pista de que a candidatura funciona como moeda de troca:

— Não é só isso não, mas tá indo bem.

Na prática, o que se desenha é que a candidatura anunciada com pompa revelou-se rapidamente um instrumento de negociação política. Movimentos desse tipo, em geral, são feitos nos bastidores, sem exposição pública. O excesso de sinceridade de Flávio, porém, acabou transformando o que poderia ser uma jogada silenciosa em um blefe escancarado, com recibo e tudo.