O Flamengo conquistou uma vitória dura, suada e simbólica sobre o Cruz Azul, do México, e garantiu classificação para a semifinal da Copa Intercontinental. Foi um daqueles jogos que confirmam uma velha máxima do futebol internacional: duelo entre brasileiros e mexicanos nunca é simples. São partidas intensas, físicas, emocionalmente pesadas e quase sempre decididas no detalhe.
O Cruz Azul, equipe de alto nível e recheada de argentinos no elenco, impôs as dificuldades que já se tornaram marca dos confrontos contra clubes brasileiros. O Flamengo sentiu o peso da viagem, o desgaste da temporada e a pressão de um torneio curto, eliminatório, que não permite erros. Ainda assim, conseguiu se impor nos momentos decisivos e avançar.
Diferente do que ocorreu com o Botafogo no ano passado, quando foi derrotado por 3 a 0 pelo Pachuca em meio a um evidente problema de planejamento, o Flamengo chegou mais preparado. Em 2024, o Botafogo terminou o Brasileirão, viajou de forma improvisada, em voo cedido por um time de futebol americano, e desembarcou visivelmente desgastado. Desta vez, o Flamengo adotou estratégia oposta: poupou seus titulares no fim de semana pelo Campeonato Brasileiro e tentou minimizar o impacto físico para o compromisso internacional.
Mesmo assim, o time não conseguiu repetir suas atuações mais explosivas da temporada. O desgaste de viagens longas, a sequência pesada de jogos e a intensidade do adversário cobraram seu preço dentro de campo. Mas quando falta fôlego coletivo, sobra talento individual. E aí entra Arrascaeta.
O uruguaio vive um momento simplesmente exuberante. Dois dias antes da partida, ele havia sido premiado pela CBF como melhor jogador do Campeonato Brasileiro e também recebeu a Bola de Prata da ESPN, a mais tradicional premiação individual do futebol nacional. Contra o Cruz Azul, confirmou a fase espetacular: marcou os dois gols da vitória e foi, mais uma vez, decisivo.
Agora, o Flamengo terá pela frente a semifinal neste sábado o Pyramids, do Egito. Superando também esse obstáculo, chegará à final da Copa Intercontinental para medir forças com o Paris Saint-Germain. O critério é simples e direto: é preciso vencer sempre.
A atual Copa Intercontinental faz parte da reestruturação promovida pela Fifa após a criação do novo Mundial de Clubes, o chamado Supermundial, que será disputado a cada quatro anos. O torneio anual foi reformulado e rebatizado. O primeiro campeão nesse novo formato foi o Real Madrid, que derrotou o próprio Pachuca por 3 a 0. Antes disso, o time mexicano havia atropelado o Botafogo, também por 3 a 0, em 2024.
Desde a primeira edição, em 2024, o histórico de confrontos entre brasileiros e mexicanos tem sido duro para os clubes do Brasil:
• 2024 – Copa Intercontinental: Botafogo 0 x 3 Pachuca – Dérbi das Américas
• 2020 – Mundial de Clubes da Fifa: Palmeiras 0 x 1 Tigres – semifinal
Os números reforçam o tamanho do desafio que o Flamengo superou diante do Cruz Azul.
A classificação trouxe alívio, euforia e também um toque de humor nas redes sociais. Uma brincadeira que viralizou após a vitória resume bem o clima entre os torcedores: “O Flamengo pensa que eu tenho dinheiro para comprar cerveja e fazer churrasco três vezes por semana. É jogo demais, alegria demais… mas meu dinheiro acabou”. A piada carrega a ironia típica do carioca e traduz, com perfeição, o momento do clube: vitórias em série, agenda cheia e uma torcida que mal tem tempo de se recuperar emocionalmente entre uma decisão e outra.
Agora, o Flamengo respira, ao menos por alguns dias. Descansa, se reorganiza e se prepara para mais um degrau nessa caminhada internacional. A semifinal é o próximo obstáculo. Depois, se tudo der certo, vem a “pauleira” contra o PSG. O desafio aumenta, mas a confiança também. Com Arrascaeta nesse nível, o torcedor rubro-negro já se permite sonhar.