- Redação ON
Neste começo de semana, o ministro do Turismo Celso Sabino esteve em João Pessoa, onde foi recebido pelo governador João Azevêdo e o prefeito Cícero Lucena, para reforçar a intenção do Governo Federal de continuar apoiando o desenvolvimento turístico da capital paraibana.
E um dos assuntos debatidos nesse encontro foi o abandono do Hotel Tambaú – cartão de visitas da cidade de João Pessoa – que está no meio de uma briga jurídica entre os grupos ANPAR Hotelaria e Participações Ltda, sediado na Paraíba; e o ‘A Gaspar’, do Rio Grande do Norte.
Para tentar desvendar esse mistério, a equipe de O Norte Online teve acesso ao processo que tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ), e relata a seguir, de forma bem didática, como é essa “queda-de-braço” e qual pode ser o desfecho da disputa que se desenrola em Brasília:

Principais Pontos da Disputa:
1. Legitimidade da ANPAR:
• A ANPAR argumenta que adquiriu os direitos sobre a arrematação do Hotel Tambaú por meio de cessão do arrematante original, Rui Galdino Filho.
• O juízo de primeira instância, contudo, rejeitou a participação da ANPAR, alegando que ela não participou do leilão diretamente e que a dívida permanece em nome do arrematante original.
2. Mora no Pagamento:
• Rui Galdino, o arrematante original, deixou de pagar as parcelas do leilão devido à publicação do decreto de desapropriação pela Prefeitura de João Pessoa.
• O juízo de primeira instância não aceitou essa justificativa e manteve a obrigação de pagamento das parcelas pendentes, com a incidência de juros de mora.
• A defesa argumenta que a alteração nas condições do imóvel (devido à desapropriação) justifica a suspensão dos pagamentos.
3. Impacto do Decreto de Desapropriação:
• A Prefeitura de João Pessoa publicou um decreto de desapropriação do imóvel após sua arrematação.
• A defesa alega que isso alterou as condições do negócio e que a arrematação deve ser reavaliada, já que há um interesse público sobre o bem.
• A Justiça, até o momento, entendeu que a desapropriação é um ato discricionário do Poder Público e que isso não justifica a suspensão dos pagamentos.
4. Possibilidade de Novo Leilão:
• O juízo determinou que, caso a dívida não seja quitada, a arrematação será cancelada e o imóvel poderá ir a novo leilão.
• A ANPAR solicitou a reconsideração dessa decisão e pediu a manutenção de sua arrematação.
Cenários Possíveis:
• Se o STJ aceitar os argumentos da ANPAR:
• A empresa poderá assumir oficialmente os direitos sobre a arrematação.
• A mora poderá ser afastada, permitindo o pagamento das parcelas sem incidência de juros.
• O decreto de desapropriação poderá ser questionado judicialmente, afetando o destino do imóvel.
• Se a decisão inicial for mantida:
• A arrematação poderá ser cancelada.
• Um novo leilão poderá ser realizado.
• A Prefeitura pode seguir com a desapropriação, caso mantenha seu interesse no imóvel.
Quem tem mais chances de ganhar?
• O caso envolve questões técnicas sobre a cessão de direitos na arrematação e o impacto do decreto municipal.
• A Justiça, até o momento, se inclinou contra a ANPAR, alegando que ela não tem legitimidade para pleitear a arrematação.
• No entanto, se a ANPAR conseguir provar que a cessão de direitos é válida e que a desapropriação mudou substancialmente as condições da arrematação, pode ter chances de reverter a decisão.