A crise entre Brasil e Estados Unidos entrou em rota de colisão sem volta. De acordo com o sempre bem informado Lourival Sant’Anna, comentarista internacional da CNN Brasil, tão logo Jair Bolsonaro seja condenado pela Justiça brasileira — cenário considerado praticamente certo por integrantes da própria Procuradoria-Geral da República —, o governo Donald Trump acionará um plano de retaliação que pode levar ao rompimento definitivo de relações diplomáticas com o Brasil.
O primeiro passo já estaria desenhado: o descredenciamento da embaixadora Maria Luisa Viotti Ribeiro em Washington. Na prática, trata-se da expulsão da representante diplomática brasileira dos Estados Unidos, um gesto grave que equivale a declarar guerra política e abrir caminho para um conflito econômico de proporções inéditas.
O plano, segundo apuração, já está nas mãos do secretário de Estado, Marco Rubio. Ele prevê uma escalada em fases, exatamente para administrar as reações de Brasília. Cada vez que o governo brasileiro responder, a Casa Branca avançará para a etapa seguinte, até atingir o objetivo final: o rompimento completo de relações.
Ainda de acordo com a CNN, a motivação é essencialmente política. Trump pretende impor um alinhamento ideológico às Américas, começando pelo Brasil. De acordo com interlocutores da diplomacia americana, se a estratégia funcionar aqui, o mesmo modelo será aplicado contra México e Colômbia, países-chave governados por forças de esquerda.
Não é a primeira vez que os Estados Unidos tentam pressionar o Brasil sob a gestão Trump. Desde a posse do republicano, a Casa Branca atua nos bastidores para blindar Bolsonaro e intimidar instituições brasileiras. Já houve ameaças de sanções comerciais, tentativas de ingerência em decisões do Supremo Tribunal Federal e até mesmo operações de inteligência voltadas a desestabilizar o sistema de pagamentos instantâneos brasileiro, o Pix, visto em Washington como um mecanismo que reduz a dependência do dólar.
Agora, porém, o risco atinge outro patamar. Expulsar um embaixador é medida extrema, raramente adotada mesmo em períodos de grave tensão. Se confirmada, a decisão equivalerá a uma ruptura formal entre dois dos maiores países do continente.