A cobrança veio em público. E sem rodeios. O secretário estadual de Juventude, Esporte e Lazer, Pedro Matias (PT), foi direto ao ponto: se o senador Efraim Filho (União Brasil) quiser mesmo ser candidato ao governo da Paraíba em 2026 pela oposição, deveria entregar os cargos que mantém no governo Lula. “Esse foguete é flex!”, ironizou o dirigente petista, fazendo alusão ao slogan usado por Efraim em sua campanha anterior. A crítica ressoa um incômodo cada vez mais latente entre governistas, que veem no senador uma figura de discurso dúbio e ambição desmedida.
O ataque ocorre num momento em que o próprio governo João Azevêdo (PSB) vive incertezas sobre sua sucessão. O nome do vice-governador Lucas Ribeiro circula como possível herdeiro político, mas esbarra na pouca densidade eleitoral. Cícero Lucena, líder nas pesquisas, não parece empolgar o governador. Já Adriano Galdino articula sua pré-candidatura nos bastidores com o ímpeto de quem não aceita ser escanteado. Do outro lado, na oposição, Efraim Filho surge como o nome forte da oposição.
Só que agora veio a cobrança: “Candidato da oposição com cargos no governo…”
Além de manter espaços generosos no governo Lula — como a recente nomeação de Kleyber Nóbrega para um cargo de direção no Ministério da Integração — Efraim também é cortejado pelo PL, de Marcelo Queiroga.
Enquanto sofre cobranças do governo, Efraim é convidado pelo PL de Marcelo Queiroga a ser o nome bolsonarista em 2026 — e, ao mesmo tempo, tenta construir uma candidatura própria. Chegou a convidar o ex-deputado Pedro Cunha Lima (PSDB) para ser seu vice, gesto que surpreendeu pela ousadia. Pedro, que disputou em 2022 contra João Azevêdo, ainda não deu sinal verde. Mas o movimento mostra que Efraim quer liderar a oposição — com ou sem bênção do bolsonarismo. Questionado sobre as movimentações de Efraim, o governador João Azevêdo respondeu com ironia: “Não quero comentar sobre quem torce por rompimento para poder ter candidato”. Já o senador, procurado pela reportagem de O Norte Online, não respondeu as nossas mensagens. O silêncio, neste momento, fala tanto quanto as articulações.