Documentos oficiais da Secretaria de Agricultura de São Paulo revelam que a atual gestão da pasta, comandada por Guilherme Piai, atuou para encerrar uma apuração interna sobre suspeitas em contratos de R$ 50 milhões destinados à reforma de estradas rurais dentro do Programa Melhor Caminho. As informações são do portal Metrópoles.
Os mesmos indícios que foram arquivados pela secretaria serviram de base para o Ministério Público de São Paulo (MPSP) abrir 147 inquéritos civis e 12 ações na Justiça. Em alguns casos, o Judiciário já acolheu os pedidos da Promotoria e determinou o bloqueio de bens dos investigados — o secretário Piai, contudo, não figura entre os alvos dessas ações.
Os contratos suspeitos foram firmados ainda no governo de Rodrigo Garcia, em dezembro de 2022, com aditivos que elevaram substancialmente os valores. Já em junho de 2023, no início da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), o então secretário de Agricultura, Antonio Junqueira, reuniu os dados e acionou o MPSP, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) e a Controladoria-Geral do Estado (CGE).
Pouco tempo depois, no entanto, a apuração foi esvaziada. Em agosto, o secretário-executivo Marcos Renato Böttcher — um dos responsáveis por identificar as supostas irregularidades — foi demitido. Um mês depois, o próprio Junqueira deixou o cargo, abrindo espaço para Guilherme Piai assumir o comando da pasta. Entre os argumentos usados para justificar os aumentos contratuais estavam os efeitos da pandemia de Covid-19 e da Guerra da Ucrânia, fatores que, segundo as investigações, teriam sido usados de forma genérica para inflar os custos das obras.