A Justiça argentina investiga um possível esquema de corrupção na Agência Nacional de Medicamentos, após a divulgação de áudios atribuídos a Diego Spagnuolo, ex-chefe do órgão, destituído do cargo na última quinta-feira (21). Nas gravações, ainda não autenticadas, Spagnuolo menciona supostas cobranças de propina envolvendo Karina Milei, irmã do presidente e atual secretária da Presidência, além do subsecretário de Gestão, Eduardo Menem.
“Eles estão roubando, você pode fingir que não vê, mas não joguem esse fardo pra mim. Tenho todos os WhatsApps da Karina”, diz a voz atribuída ao ex-diretor em um dos áudios.
A denúncia foi apresentada pelo advogado Gregorio Dalbón e ganhou força em um momento politicamente delicado para Javier Milei: o Congresso derrubou um veto presidencial a uma lei que amplia recursos para pessoas com deficiência, medida considerada um revés à chamada “motosserra” de cortes orçamentários.
Mandados de busca foram cumpridos em endereços ligados ao caso, incluindo uma drogaria de grande porte que teria repassado subornos e onde foram apreendidos 266 mil dólares em envelopes. Também foram recolhidos celulares, computadores e documentos relacionados a compras e licitações de medicamentos.
O caso está sob responsabilidade do juiz federal Sebastián Casanello, em investigação conduzida pelo Ministério Público. Até agora não houve prisões nem acusações formais, em razão do segredo de justiça. Se confirmadas as denúncias, os envolvidos podem responder por corrupção, administração fraudulenta e associação criminosa.
O governo Milei mantém silêncio sobre o caso, que surge às vésperas das eleições legislativas de 26 de outubro, quando será testado o apoio político ao presidente ultraliberal.