sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Entenda o conflito entre Estados Unidos e Venezuela após a escalada de Trump
29/11/2025 20:57
Redação ON Reprodução

A declaração de Donald Trump, neste sábado (29/11), de que o espaço aéreo da Venezuela está “totalmente fechado”, ampliou a tensão diplomática e militar entre Washington e Caracas. Embora a frase tenha sido publicada de maneira vaga na rede Truth Social, ela é parte de um movimento maior: a retomada de uma política externa agressiva em relação ao regime de Nicolás Maduro.

A seguir, um guia para entender o que está acontecendo, por que isso importa e quais são os riscos envolvidos.

O que Trump disse — e o que isso significa

Trump publicou um aviso dirigido a “companhias aéreas, pilotos, traficantes de drogas e traficantes de pessoas”, pedindo que considerem o espaço aéreo “acima e ao redor da Venezuela totalmente fechado”.

A mensagem não especifica medidas práticas, mas abre margem para ações de interceptação aérea e é vista como sinalização política e militar.

Dias antes, Trump já havia dito que ataques por terra na Venezuela poderiam ocorrer “em um futuro próximo”, como parte da ofensiva dos EUA contra o narcotráfico.

Por que os EUA estão mirando a Venezuela agora

O governo Trump vem associando Maduro ao narcoterrorismo, após classificar o cartel de Los Soles como organização terrorista internacional. Segundo Washington, Maduro seria o chefe da organização — acusação rejeitada pela Venezuela e contestada por parte da comunidade internacional.

Essa classificação permite ao governo americano abrir brechas legais para operações militares em outros países sob o argumento de combate ao terrorismo.

Onde entram os movimentos militares dos EUA

Desde julho, os Estados Unidos vêm ampliando sua presença militar na América Latina e no Caribe:

  • envio de navios de guerra,
  • mobilização de um submarino nuclear,
  • deslocamento de caças F-35,
  • e a chegada do porta-aviões USS Gerald R. Ford, o maior do mundo.

A operação Lança do Sul, lançada em 13 de novembro, mira o combate ao narcotráfico, segundo Washington. O Pentágono afirma ter executado 22 ataques a embarcações no Caribe e no Pacífico, embora sem apresentar provas concretas de ligação direta com o tráfico internacional.

Paralelamente, fuzileiros navais têm treinado em bases americanas na região, simulando cenários como infiltração, guerra na selva e desembarque de tropas — exercícios que lembram preparação para operações terrestres.

Como a Venezuela está reagindo

Caracas classificou a fala de Trump como “ameaça colonialista” e “nova agressão ilegal e injustificada”. A nota oficial acusa os EUA de tentarem aplicar extraterritorialmente sua jurisdição, interferindo na soberania do país.

Maduro também iniciou uma mobilização militar interna, dizendo estar pronto para enfrentar qualquer ofensiva externa. Nas últimas semanas, o governo venezuelano intensificou exercícios e deslocamentos, reforçando a narrativa de que a Venezuela está sob ameaça imperialista.

O que está em jogo

Três fatores estruturais ajudam a entender a disputa:

1. Petróleo e geopolítica

A Venezuela possui as maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo. Mesmo com produção reduzida, seu peso estratégico é gigantesco.

2. Influência regional

Os EUA historicamente tratam a América Latina como área de influência direta. A aproximação de Caracas com Rússia, China e Irã incomoda Washington.

3. Política interna de Trump

Trump utiliza a Venezuela para reforçar a narrativa de combate ao “narcoterrorismo” e galvanizar sua base conservadora, que enxerga Maduro como símbolo do “socialismo continental”.

Há risco de conflito militar?

O cenário de confronto direto não é descartado, mas especialistas avaliam que:

  • os EUA preferem operações pontuais (marítimas e aéreas);
  • uma invasão terrestre seria extremamente custosa;
  • a retórica de Trump pode ter objetivos eleitorais e simbólicos.

A Venezuela, por sua vez, explora politicamente a ameaça norte-americana para unir sua base, reforçar o discurso anti-imperialista e justificar mobilização interna.

O que observar nos próximos dias

  • novos comunicados do Pentágono sobre a operação Lança do Sul;
  • eventuais ações americanas de interceptação ou bloqueio aéreo;
  • movimentações das Forças Armadas venezuelanas;
  • reações da OEA, ONU e países vizinhos.

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