sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Entenda a guerra do Oriente Médio: o que está em jogo e onde o Brasil entra nessa história
15/06/2025 12:50
Redação ON Reprodução

Nos últimos meses, o noticiário internacional tem sido dominado por um cenário de tensão crescente, com risco real de uma guerra de grandes proporções envolvendo várias potências. Mas afinal, o que está acontecendo? Por que esse conflito começou? E qual o papel do Brasil? O Norte Online tenta explicar de forma didática toda essa confusão que abala o mundo neste momento.

Como tudo começou?

Para entender o que estamos vivendo hoje, é preciso voltar alguns anos. Esse conflito não começou de uma hora para outra, mas é resultado de uma série de disputas geopolíticas acumuladas. O principal palco desse embate tem sido o Oriente Médio, com o agravamento da tensão entre Irã, Israel, grupos armados da região (como o Hezbollah e os Houthis), além da guerra já em andamento entre Rússia e Ucrânia, que acaba cruzando interesses semelhantes.

A rivalidade histórica entre Irã e Israel, por exemplo, nunca foi apenas uma questão religiosa. É também uma disputa por poder e influência na região. De um lado, Israel tem o apoio dos Estados Unidos e de países ocidentais; do outro, o Irã lidera uma rede de aliados e milícias que se opõem à influência americana e israelense.

Paralelamente, a guerra da Ucrânia — que começou em 2022 com a invasão russa — também agravou a instabilidade global, já que colocou a Rússia (aliada do Irã) em confronto direto com os interesses ocidentais.

Onde entram os Estados Unidos?

Desde o governo de Joe Biden, os Estados Unidos vêm mantendo forte apoio a Israel, incluindo o fornecimento de armamentos e recursos financeiros. Além disso, os EUA também tentaram conter o avanço da influência iraniana na região, reforçando alianças com países árabes como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

Esse apoio, porém, sempre teve um limite delicado: enquanto buscam conter o Irã, os EUA evitam um confronto direto, pois isso poderia desencadear um conflito de grandes proporções.

Com Donald Trump, a política foi ainda mais agressiva. Durante seu governo, os EUA saíram do acordo nuclear com o Irã (firmado na gestão Obama), o que aumentou a tensão. Trump também autorizou o ataque que matou o general iraniano Qassem Soleimani em 2020, considerado um dos principais líderes militares do país. Esse episódio quase levou o Irã e os EUA a um confronto direto, criando uma animosidade que ainda persiste.

Por que a situação piorou agora?

Vários episódios recentes reacenderam o pavio da guerra:

         •       O ataque do Hamas a Israel (outubro de 2023): foi o estopim de uma nova escalada, que levou Israel a responder com bombardeios pesados à Faixa de Gaza.

         •       O envolvimento do Hezbollah e dos Houthis: grupos apoiados pelo Irã começaram a atacar posições de Israel e até navios no Mar Vermelho, afetando o comércio global.

         •       O ataque direto ao Irã (abril de 2024): ataques a instalações iranianas e a morte de comandantes da Guarda Revolucionária elevaram a tensão a outro nível.

         •       Resposta do Irã: o país realizou um ataque inédito com drones e mísseis contra território israelense.

Cada novo episódio faz com que o risco de um confronto direto entre grandes potências — como EUA, Irã, Israel e aliados — aumente.

Quem apoia quem nesse tabuleiro?

         •       Israel: tem o apoio declarado dos Estados Unidos, de países europeus e de algumas nações árabes, embora nem todas apoiem os bombardeios em Gaza.

         •       Irã: conta com o apoio da Rússia e da China em várias instâncias diplomáticas e militares.

         •       Grupos como Hamas, Hezbollah e Houthis: recebem apoio logístico, militar e financeiro do Irã.

E o Brasil? Qual o seu papel nessa crise?

O Brasil não tem participação militar direta no conflito, mas ocupa uma posição relevante no campo diplomático. Desde o início da nova escalada no Oriente Médio, o governo brasileiro, sob a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva, vem buscando manter uma postura de neutralidade ativa, defendendo:

         •       Cessar-fogo imediato e humanitário na Faixa de Gaza;

         •       Criação de um Estado Palestino como solução definitiva para o conflito;

         •       Respeito ao direito internacional, mas evitando condenar diretamente Israel ou o Hamas em vários momentos.

A postura brasileira tem sido elogiada por alguns setores que veem no Brasil um mediador potencial, por manter diálogo com vários países. Por outro lado, tem recebido críticas — especialmente de aliados ocidentais e de parte da comunidade judaica — por declarações de Lula que, em certos momentos, colocaram Israel e Hamas em patamar de equivalência, o que foi visto como um erro diplomático, sobretudo após o massacre de civis promovido pelo Hamas em outubro de 2023.

Há um debate legítimo se o Brasil, ao tentar ocupar esse espaço de neutralidade, não está, na prática, isolando-se de seus principais parceiros comerciais e políticos. Muitos analistas apontam que a política externa brasileira, embora bem-intencionada no discurso de paz, poderia buscar maior firmeza na defesa dos princípios democráticos e no repúdio claro a atos de terrorismo.

Quais as consequências de uma guerra total?

Se o conflito escalar para uma guerra direta entre Estados Unidos, Israel e Irã, com envolvimento de Rússia e China, o cenário seria gravíssimo:

         •       Desabastecimento de petróleo e gás, pois o Irã controla o Estreito de Ormuz, por onde passa boa parte da produção mundial.

         •       Crise econômica global, com alta nos preços de combustíveis, alimentos e energia.

         •       Riscos de ataques cibernéticos e terrorismo internacional.

         •       E, no pior cenário, uma guerra com armas nucleares — o que, até o momento, os envolvidos têm procurado evitar.

O que pode acontecer daqui pra frente?

Existem basicamente três possibilidades:

         1.      Desescalar (o cenário ideal): líderes internacionais, principalmente Estados Unidos e potências europeias, tentam mediar um cessar-fogo e um novo acordo diplomático.

         2.      Manter o conflito “controlado”: os ataques continuam, mas ainda sem envolvimento direto das grandes potências.

         3.      Escalada total (o pior cenário): um ataque maior, envolvendo diretamente Irã e Estados Unidos, que obrigaria os aliados de ambos os lados a entrarem no conflito.

Conclusão

O mundo inteiro acompanha com apreensão porque, diferente de conflitos isolados, esse embate atual reúne ingredientes que podem rapidamente sair do controle. É um jogo de alta tensão entre potências militares, interesses econômicos e rivalidades antigas.

O Brasil, embora distante do ponto geográfico da crise, não está imune aos seus efeitos — seja na economia, na diplomacia, ou em seu papel de mediador internacional, que ainda precisa encontrar o equilíbrio entre discurso e pragmatismo.

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