A visita do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ao senador Marco Rubio, novo chefe da diplomacia dos Estados Unidos, provocou aflição — não em Washington, mas em Brasília.
O encontro ocorreu nesta quarta-feira (15/10), um dia antes da reunião oficial entre o chanceler Mauro Vieira e o governo americano, marcada para quinta-feira (16/10), e que tratará do tarifaço e das sanções impostas a autoridades brasileiras.
Eduardo esteve acompanhado do jornalista Paulo Figueiredo e anunciou o compromisso nas redes sociais, informando que se reuniu com autoridades no Departamento de Estado, em Washington.
Rubio, que recentemente assumiu o comando da diplomacia norte-americana no governo Donald Trump, é o mesmo que receberá o ministro das Relações Exteriores brasileiro em uma conversa considerada decisiva para a política comercial entre os dois países.
No X (antigo Twitter), Eduardo afirmou que está “realizando seu trabalho de atualizações e esclarecimentos sobre o atual cenário político do Brasil”.
Paulo Figueiredo, parceiro de viagem e comentarista, ironizou a narrativa de que o “03” teria perdido relevância internacional.
“Para as pessoas que falaram que você [Eduardo] tinha sido escanteado, que não era mais recebido e que era somente a química do Lula… eu acho que cai um pouco essa narrativa, especialmente diante desse checkdown do governo americano”, disse.
Secretário americano volta a atacar o Brasil
Enquanto isso, o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, voltou a direcionar críticas ao Brasil em tom duro. Em coletiva nesta quarta-feira (15/10), ele afirmou que 40% do tarifaço aplicado a produtos brasileiros se deve a “preocupações extremas com o Estado de Direito, a censura e os direitos humanos” no país.
A taxa de 50% sobre itens importados do Brasil entrou em vigor em agosto de 2025. Segundo Greer, 10% correspondem à tarifa recíproca “que todo mundo tem”, usada para equilibrar o déficit comercial global.
Ao detalhar os 40% restantes, ele fez acusações diretas — embora sem citar nomes:
“Um juiz brasileiro tomou para si a responsabilidade de ordenar que empresas dos EUA se autocensurem, dando ordens secretas para gerenciar o fluxo de informações”, declarou. “E há a situação do Estado de Direito em relação a oponentes políticos no Brasil”, completou.
Durante a coletiva, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, interrompeu Greer para acrescentar que houve “detenção ilegal de cidadãos americanos que estavam no Brasil”.
As declarações inflamam o clima diplomático às vésperas do encontro entre Mauro Vieira e Marco Rubio, confirmado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e que pode redefinir os rumos das relações comerciais entre os dois países.