O ato convocado por Jair Bolsonaro no último domingo (16) no Rio de Janeiro pode ter sido um fracasso de público, mas deixou um rastro de tensão política. O principal desdobramento não veio do ex-presidente, mas sim do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, cuja fala crítica ao Supremo Tribunal Federal (STF) causou incômodo entre os ministros da Corte.

O desconforto no STF não está apenas na forma, mas no conteúdo do discurso. Tarcísio, que até então mantinha uma postura mais moderada em relação ao Judiciário, adotou um tom duro, ecoando críticas que antes eram monopolizadas por Bolsonaro e seus aliados mais radicais. A mudança não passou despercebida pelos ministros, que veem no movimento do governador um risco de aprofundamento da crise institucional.

A fala de Tarcísio também sugere um novo alinhamento político. Enquanto Bolsonaro tenta manter sua base mobilizada diante de seus problemas judiciais, o governador paulista, que já foi visto como uma alternativa mais moderada dentro da direita, parece estar se aproximando de um discurso mais confrontador. Isso pode ter implicações diretas para o cenário político de 2026, principalmente se o embate com o STF se intensificar.

Os efeitos do ato no Rio, portanto, vão além da baixa adesão. A tensão entre o Executivo e o Judiciário ganhou um novo capítulo, agora com Tarcísio de Freitas no centro do embate.