Anunciado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como seu candidato para disputar a Presidência da República em 2026, o senador Flávio Bolsonaro aparece atrás do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas simulações de segundo turno da mais recente pesquisa Datafolha. Se a eleição fosse hoje, Lula venceria Flávio por 51% a 36%, uma diferença de 15 pontos percentuais.
Outros nomes da direita testados no levantamento também ficam atrás do petista. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), teria 23% das intenções de voto em cenário de primeiro turno, contra 41% de Lula. Já Ratinho Junior (PSD), governador do Paraná, aparece com 12%, enquanto Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, soma 7%, e Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, 6%.
O levantamento foi realizado entre os dias 2 e 4 deste mês, antes do anúncio público feito por Flávio na sexta-feira (5). O instituto ouviu 2.002 eleitores em 113 municípios, com margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Na comparação com a pesquisa anterior, realizada no fim de julho, Lula ampliou ligeiramente sua vantagem no segundo turno contra Flávio. Antes, o placar era de 48% a 37%. O desempenho reforça o peso negativo do sobrenome Bolsonaro no atual cenário eleitoral.
O Datafolha também simulou um confronto direto entre Lula e Jair Bolsonaro, mesmo com a inelegibilidade do ex-presidente. Condenado a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe após as eleições de 2022, Bolsonaro aparece hoje com chances praticamente nulas de disputar o pleito. Ainda assim, a pesquisa mostra Lula com 49% contra 40% do ex-presidente. Na sondagem anterior, o resultado era de 47% a 43%.
Nos cenários de primeiro turno, Lula mantém vantagem confortável. Quando Eduardo Bolsonaro substitui Flávio na disputa, o desempenho da família permanece praticamente o mesmo. Já na simulação com Michelle Bolsonaro como candidata, há uma melhora para o clã: Lula tem 41% e Michelle chega a 24%, enquanto Ratinho Jr. registra 10%, Caiado 6% e Zema 5%.
Quando o nome testado é Tarcísio de Freitas, Lula mantém 41% das intenções de voto, contra 23% do governador paulista. Ratinho Jr. soma 11%, Caiado 6% e Zema 3%. Os cenários indicam uma direita pulverizada, que tende a deixar a definição real para o segundo turno.
Rejeição elevada
A pesquisa também traz dados de rejeição, item considerado decisivo para medir a viabilidade de uma candidatura. Jair Bolsonaro lidera o índice negativo, com 45% dos eleitores afirmando que jamais votariam nele, percentual semelhante ao de Lula, que tem 44%. Apesar de nunca terem disputado uma eleição nacional, Flávio Bolsonaro registra rejeição de 38%, Eduardo, 37%, e Michelle, 35%.
Entre os governadores da direita, os índices são bem menores: Zema e Ratinho Jr. têm 21% de rejeição, Tarcísio registra 20% e Caiado, 18%. O contraste reforça a dificuldade de transferir o capital político do ex-presidente para seus familiares.
Apesar de ainda faltar muito tempo até outubro de 2026, os números colocam em perspectiva a escolha de Bolsonaro por um nome da própria família como forma de manter seu sobrenome no centro do campo da direita. Por ora, o cenário favorece Lula, embora sua taxa de rejeição elevada e a aprovação estagnada em 32% sirvam de alerta para o Planalto na corrida pela reeleição.
