No momento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prepara-se para intensificar o diálogo com Donald Trump — inclusive cogitando uma visita pessoal ao republicano —, um novo entreveiro ameaça tensionar ainda mais a relação Brasil-Estados Unidos.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta segunda-feira (29) que o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) seja notificado de denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) por coação em processo judicial. A decisão prevê citação por edital, já que o parlamentar, que se encontra nos EUA, estaria criando dificuldades para receber a notificação. Segundo Moraes, Eduardo estaria fora do país justamente para reiterar práticas criminosas e evitar eventual responsabilização judicial.
A denúncia, oferecida pela PGR em 22 de setembro, envolve também o blogueiro Paulo Figueiredo. Ambos teriam atuado para constranger autoridades do Judiciário brasileiro. Como o oficial de Justiça não conseguiu localizar Eduardo, Moraes determinou a notificação por meio alternativo.
A resposta veio de forma imediata e inesperada: Martin de Luca, advogado do ex-presidente norte-americano Donald Trump, saiu em defesa de Eduardo e atacou Alexandre de Moraes. Em postagem no X, ele chamou o ministro de “descarado” e afirmou que Moraes estaria se esquivando de um processo nos Estados Unidos relacionado à plataforma Rumble. “Incrivelmente descarado, vindo de um homem que vem se esquivando do serviço no caso Rumble contra ele na Flórida há 7 meses”, escreveu o jurista, acrescentando que o magistrado estaria pressionando cortes brasileiras para não autorizar a citação.
Com Eduardo Bolsonaro instalado nos EUA, articulando sanções contra autoridades brasileiras, e com um advogado de Trump comprando briga direta com um ministro do STF, a crise deixa de ser apenas jurídica e assume contornos diplomáticos. Lula, que busca construir pontes com o provável candidato republicano à Casa Branca, vê-se diante de um quadro mais complexo, no qual interesses pessoais, judiciais e diplomáticos se entrelaçam.