A COP30, que começa oficialmente no dia 10 de novembro em Belém, não é só mais uma conferência climática. Ela é considerada, por especialistas e negociadores, a COP mais importante desde o Acordo de Paris em 2015.
O Norte Online anotou a seguir o que já está consolidado na pré-COP, o que o mundo vai debater em Belém, o que pode sair de lá – e qual é o papel da Paraíba nesse evento de proporções universais.
O que já aconteceu na pré-COP30
Já existe um arcabouço político formado antes da abertura oficial:
* o Brasil enquadrou a COP30 como COP da Amazônia
* a mensagem central já está pactuada: sem floresta = sem meta climática crível
* há consenso de que o planeta segue rumo aos 2,5°C
* a COP30 virou COP da nova rodada de NDCs
* o tema das perdas e danos virou teste de credibilidade dos países ricos
* a discussão de financiamento já não fala mais em 100 bilhões: fala em trilhão por ano
* a COP de Belém será a COP da cobrança sobre dinheiro e sobre execução real
Não se trata mais só de diplomacia ambiental.
É a revisão do contrato climático do planeta – e é o Brasil que está hospedando o capítulo mais tenso desde Paris.
O que é a COP30
A COP30 é a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, o principal órgão de negociação do clima no mundo — fórum máximo da Convenção da ONU.
Data: 10 a 21 de novembro de 2025
Local: Belém do Pará, Brasil
Participam países, cientistas, ONGs, bancos de desenvolvimento, empresas, movimentos sociais – mais de 40 mil credenciados.
Por que Belém
Porque esta COP não é simbólica. É geopolítica pura.
Pela primeira vez, o centro de decisões climáticas é colocado dentro da floresta tropical mais estratégica da Terra.
A Amazônia não é pano de fundo. É protagonista.
O que está em discussão
* novas NDCs: cada país terá que rever sua meta até 2035
* corte mais rápido de emissões
* transição energética
* eliminação progressiva dos fósseis
* adaptação climática
* financiamento climático
* bioeconomia e Amazônia como ativo produtivo

O ponto mais quente da COP30 é o novo objetivo de financiamento climático global.
O número-base de 100 bilhões de dólares já foi superado pela realidade.
Trata-se agora de construir um número na casa do trilhão anual – com acesso simples, sem travas burocráticas e sem endividamento tóxico para países pobres. Belém será o palco da decisão sobre esse novo valor.
Por que a COP30 é tão decisiva
Porque o Acordo de Paris só funciona se todos aumentarem suas metas agora – em 2025.
Não tem pós-Paris 2030 sem Belém em 2025. É este o ciclo de ambição.
E é por isso que a COP30 não é apenas um congresso ecológico. É um evento de poder.
Como o Brasil chega
O Brasil chega como anfitrião, dono da maior floresta tropical do mundo, cobrando dinheiro para preservá-la e querendo liderar o bloco Sul Global.
O governo Lula vem martelando uma frase-guia desde antes da abertura:
justiça climática = combate à fome + combate à pobreza
É a moldura política da COP do Brasil.

A Paraíba leva uma pauta muito clara: o semiárido como território de inovação climática.
O estado apresentará projetos de:
* transição energética
* recaatingamento e restauração ambiental
* segurança hídrica
* gestão costeira
* financiamento climático
* juventudes e educação ambiental
O vice-governador Lucas Ribeiro resume o sentido da presença paraibana: mostrar que o semiárido não é sinônimo de limitação — é plataforma de oportunidade.
A Paraíba tem 42 parques eólicos, 34 usinas solares, crédito subsidiado para energia fotovoltaica em pequenas empresas, avanço em hidrogênio verde e programas integrados de restauração da Caatinga.
Além disso, o estado busca:
* atrair investimento internacional
* escalar o Fundo Caatinga
* ampliar o mercado de carbono regional
Ou seja: a Paraíba não vai a Belém apenas para marcar ponto.
Vai para disputar recursos, tecnologia e protagonismo.
Em uma frase
A COP30 é o momento em que o mundo vai decidir se o Acordo de Paris ainda existe – ou se será reescrito na prática.
E o Nordeste – com a Paraíba na mesa – não está indo para assistir. Está indo para participar do jogo