- Redação ON
Vital Farias, cantor, compositor e poeta paraibano, faleceu nesta quinta-feira (6), aos 82 anos, deixando um legado marcante na música brasileira e uma relação profunda com sua terra natal. Nascido em Taperoá, no Cariri da Paraíba, ele carregou em sua obra as raízes nordestinas, exaltando a cultura popular, o sertão e o modo de vida do povo paraibano. Suas músicas, como “Ai, Que Saudade D’Ocê” e “Veja (Margarida)”, tornaram-se hinos da MPB, combinando lirismo e crítica social, além de retratar as belezas e desafios do Nordeste.
Além de sua contribuição artística, Vital Farias aventurou-se na política. Em 2006, candidatou-se ao Senado pela Paraíba pelo PSOL, partido de esquerda, obtendo 99.966 votos, o que representou 6% dos votos válidos. Quatro anos depois, em 2010, tentou novamente uma vaga no Senado, desta vez pelo PCB (Partido Comunista Brasileiro), mas não obteve sucesso, teve 58 mil votos. Essas candidaturas refletiam seu engajamento com causas sociais, alinhadas às temáticas presentes em suas músicas.

Nos últimos anos, no entanto, Vital passou a expressar ideias alinhadas ao conservadorismo e ao bolsonarismo, o que gerou estranhamento entre fãs e críticos. Se antes suas músicas denunciavam injustiças e tinham um tom progressista, sua presença nas redes sociais passou a refletir um discurso oposto, defendendo pautas que antes pareciam contradizer sua trajetória inicial. Muitos se perguntam como essa mudança ocorreu: teria sido fruto de desilusões com a política tradicional? Ou uma transformação pessoal mais profunda?
A morte de Vital Farias representa não apenas a perda de um grande nome da cultura paraibana, mas também o fim de uma trajetória cheia de complexidades e contradições. Sua obra permanece como um testemunho da riqueza cultural da Paraíba, enquanto sua guinada ideológica continua a ser debatida. O que levou um artista outrora símbolo da resistência a mudar tão radicalmente de posicionamento? Essa pergunta seguirá aberta, mas sua importância para a música e para a cultura nordestina jamais será apagada.