O Estadão abriu a rodada de reações destacando a tentativa do deputado Eduardo Bolsonaro de afastar qualquer mérito da diplomacia brasileira no recuo dos Estados Unidos. Segundo o jornal, o parlamentar atribuiu a decisão a um “fator interno” americano, insistindo que a medida nada tem a ver com a atuação do governo Lula. A fala foi registrada como parte da disputa narrativa que rapidamente se formou no Brasil assim que o tarifaço começou a desmoronar.
A partir daí, os demais veículos repercutiram o impacto da mudança sob ângulos diferentes. O Jornal de Brasília focou no efeito econômico para o país, explicando de forma direta quais setores ganham com a retirada das sobretaxas e qual seria o peso dessa decisão para o exportador brasileiro. O tom é técnico, sem entrar no jogo político.
A Revista Oeste adotou uma abordagem factual, limitando-se a noticiar que os Estados Unidos zeraram tarifas sobre carne, café e outros itens brasileiros. A revista evitou interpretações e não fez qualquer associação entre o recuo e ações do governo federal, seguindo sua linha tradicional de cautela em temas que possam favorecer adversários ideológicos.
No UOL, Jamil Chade destacou a dimensão econômica do gesto americano. Ao estimar os benefícios às exportações brasileiras em cerca de 5 bilhões de dólares, o colunista reforçou a relevância prática do recuo e o peso que teria caso o tarifaço fosse adiante. A análise afasta a ideia de que se trataria de um episódio menor ou irrelevante.
O Metrópoles, por sua vez, foi quem mais politizou o assunto. O portal interpretou a decisão dos EUA como uma vitória para o governo Lula e uma derrota narrativa para o bolsonarismo, afirmando que o recuo expõe a fragilidade do discurso da oposição, especialmente no momento em que Eduardo Bolsonaro tenta minimizar o episódio.
Já o Globo.com inseriu o tarifaço dentro de um contexto diplomático mais amplo. A cobertura lembra que, embora a retirada das sobretaxas alivie o ambiente, ainda há outras pendências entre Brasil e Estados Unidos, como sanções direcionadas a autoridades brasileiras. O portal reforça que o gesto americano resolve apenas parte das tensões bilaterais.
No conjunto, as reações mostram que, enquanto Eduardo Bolsonaro tenta deslocar a discussão para uma tese interna dos EUA, a maior parte da imprensa reconhece que a retirada das tarifas tem efeitos concretos para a economia brasileira e inevitavelmente repercute no cenário político.