O final de semana e o início desta semana foram especialmente ruins para a família Bolsonaro. A aplicação da Lei Magnitsky contra a esposa do ministro Alexandre de Moraes pode ter sido o gatilho para confirmar que, ao menos no início, Jair Bolsonaro deverá cumprir sua pena na Papuda, em regime fechado, e não em prisão domiciliar, como vinha sendo discutido nos bastidores do Supremo Tribunal Federal.
As sanções atingiram não apenas familiares de Moraes, e acirraram o clima com o Supremo. Se até poucos dias atrás havia uma costura política para atenuar os impactos do julgamento da trama golpista, as medidas impostas por Washington fecharam portas e endureceram posições. Fontes próximas aos ministros relatam que Alexandre de Moraes ficou particularmente irritado com o gesto, o que interrompeu qualquer sinal de boa vontade em relação ao ex-presidente.
Paralelamente, o deputado Eduardo Bolsonaro sentiu o peso do efeito bumerangue. Ele foi barrado por Hugo Motta na tentativa de assumir a liderança da minoria na Câmara, em meio a pressões do PT e críticas de que sua atuação no exterior não condiz com o decoro parlamentar. Embora não tenha ainda alcançado o limite de faltas que poderia levar à cassação, Eduardo já acumula desgastes, tanto institucionais quanto políticos. A percepção é de que colhe agora os frutos de meses de confrontos: ameaças a ministros, apoio a sanções contra autoridades brasileiras e provocações diplomáticas.
O revés se estende a outras frentes. A chamada “dosimetria” — projeto que bolsonaristas tentavam emplacar como espécie de anistia parlamentar — também subiu no telhado. Deputados que antes se mostravam favoráveis recuaram diante da escalada de tensão, e a votação, que poderia acontecer nesta semana, dificilmente voltará à pauta em condições favoráveis.
Para completar, a fala de Donald Trump na ONU, ao citar um encontro amistoso com Lula e sinalizar um diálogo futuro, caiu como um balde de água fria nos bolsonaristas, que esperavam do presidente americano alinhamento automático.
Em resumo, o que se viu nos últimos dias foi um clássico movimento de retorno. A estratégia de confronto, que marcou a trajetória recente da família Bolsonaro, encontra agora seu limite: em vez de avanços, as ações se transformaram em obstáculos. O bumerangue lançado nos últimos meses voltou com força total, atingindo diretamente Jair, Eduardo e todo o clã.