Vitor Roque é um daqueles talentos precoces que o futebol brasileiro costuma revelar. Fenômeno desde os tempos de Cruzeiro e Atlético Paranaense, saiu do país a peso de ouro para vestir a camisa do Barcelona, cercado de expectativa de virar estrela mundial. Mas, na Europa, a realidade foi bem diferente. Não se firmou no Barça, foi emprestado ao Betis e, novamente, não convenceu.
De volta ao Brasil, o jovem atacante de apenas 20 anos começa a reencontrar o bom futebol no Palmeiras. No último fim de semana, contra o Internacional, mostrou seu faro de artilheiro ao marcar três gols, num desempenho que reacendeu a confiança e lembrou os tempos em que despontava como uma das maiores promessas do futebol nacional.
O peso dos problemas pessoais
Mas a vida de Roque não tem sido feita apenas de gols. Fora de campo, episódios turbulentos têm revelado um lado emocionalmente instável do atacante. O casamento precoce com a influenciadora Dayana Lins naufragou ainda durante a passagem pela Espanha. Ela, que deixou família, faculdade e trabalho para acompanhá-lo, voltou antes dele e usou as redes sociais para relatar episódios de controle excessivo e restrições dentro de casa.
“Você perguntar se pode comer aquilo que tem dentro da geladeira, dentro da sua própria casa… não ter como sair para comprar a ração dos cachorros e precisar pedir a terceiros para isso”, desabafou Dayana, ao narrar situações que viveu durante o relacionamento.
A crise familiar se ampliou com a revelação de áudios publicados pelo colunista Léo Dias. Em um deles, Vitor Roque dispara insultos pesados contra a própria mãe, Hercília: “Problema é seu. Deixa de ser fofoqueira. Vagabunda é a senhora, prepotente. Vai com suas amigas, filha da p*** todo mundo. Interesseira”.
Estrutura emocional em jogo
A grande questão é: como um atleta milionário, com perspectiva de carreira internacional, não consegue manter equilíbrio fora de campo? A resposta está, talvez, na falta de estrutura emocional para lidar com a fama precoce e as responsabilidades que a acompanham.
No futebol, não há como separar o campo da vida pessoal. O rendimento é reflexo de um conjunto de fatores, e a instabilidade extracampo ajuda a explicar por que Vitor Roque fracassou na Europa.
Entre a promessa e o risco do fracasso
A história do atacante está em aberto. No Palmeiras, ele tem a chance de reescrever o roteiro e mostrar que pode sim transformar talento em carreira sólida. Mas para isso, precisa não apenas marcar gols, mas também aprender a se policiar — no sentido literal e figurado. Se continuar acumulando casos policiais e conflitos pessoais, corre o risco de se tornar apenas mais um talento desperdiçado.