sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Violência na Sul-Americana: discurso duro, mas falta coragem a Conmebol para punir    
22/08/2025

O futebol sul-americano voltou a ser manchete mundial, mas, mais uma vez, pelos motivos errados. A barbárie registrada na Argentina, no duelo entre Independiente e Universidad de Chile, transformou um jogo de oitavas de final da Copa Sul-Americana em praça de guerra. A partida sequer chegou ao fim: interrompida logo no início do segundo tempo, deixou à mostra não só a fúria das torcidas, mas também a fragilidade de um sistema que insiste em tropeçar na própria desorganização.

Agora, a Conmebol se vê diante de um dilema histórico. A promessa de “máxima firmeza” precisa ser testada, e a entidade discute a exclusão de ambos os clubes — algo que, se confirmado, seria inédito e de grande impacto esportivo. O Independiente, por ser o mandante, tinha a responsabilidade de garantir a segurança. Já a Universidad, com sua torcida envolvida diretamente na confusão, não pode se esconder atrás da condição de visitante.

O que diz a regra

Ouvido pela coluna Futebol Etc, o advogado Felipe Crisafulli, especialista em Direito Desportivo, lembra que o Manual de Clubes da Copa Libertadores é claro: tanto mandantes quanto visitantes podem ser responsabilizados pelos atos de seus torcedores. E, pelo Código Disciplinar da Conmebol, as sanções vão muito além de multas: elas podem incluir advertências, jogos com portões fechados e até exclusão de competições futuras.

Na teoria, portanto, a Conmebol tem margem para punir com rigor exemplar. O problema, como ressalta Crisafulli, está na prática: “Salvo se a entidade considerar este caso mais grave que outros havidos no passado, sanções como multa e suspensão de torcida em estádios são mais prováveis e comuns de serem vistas no âmbito da Conmebol do que perda de pontos e exclusão de competições nesse tipo de situações”.

Entre a promessa e a realidade

O histórico pesa contra a retórica da Conmebol. Quantos episódios de violência já não vimos sendo resolvidos com uma multa pesada, algumas partidas sem torcida e o campeonato seguindo como se nada tivesse acontecido? Punir com exemplaridade é uma coisa; abrir mão de clubes tradicionais em fases decisivas de torneio continental é outra, muito mais improvável.

E aí está o ponto central: se a entidade quiser realmente mudar sua imagem, não basta um discurso de firmeza. Será preciso tomar uma decisão dura, ainda que impopular, excluindo os dois clubes e estabelecendo um marco de intolerância à violência. Do contrário, mais uma vez veremos a Conmebol se render ao peso político de suas filiações, deixando o torcedor com a amarga sensação de déjà-vu.

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