sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Veto de Moraes a divulgação de entrevistas de Bolsonaro em redes sociais confunde e gera críticas
22/07/2025
  • Redação do Jornal de Brasília

A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), desta segunda-feira (21), proibindo a divulgação de entrevistas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais tem uma redação que, conforme especialistas consultados pela reportagem, confunde sobre sua amplitude.

Isso porque ela abre margem para discussão sobre quais atores estariam sujeitos à restrição de postar entrevistas do ex-presidente. Segundo especialistas, do modo como está redigida a decisão existiria a possibilidade de fazer uma leitura mais ampla, que incluiria desde aliados próximos a Bolsonaro até veículos de imprensa e cidadãos.

Leituras mais restritivas envolveriam, por outro lado, um entendimento de que a ordem foi expedida para evitar que Bolsonaro pudesse burlar a decisão de proibição de usar as redes – o que dá abertura para interpretação de em quais casos isso ocorreria ou não.

Um terceiro ponto de dúvida é a quem tal ordem se destina e quem poderia ser punido como consequência.

Na sexta-feira (18), ao determinar que Bolsonaro passasse a usar tornozeleira eletrônica, Moraes também ordenou que o ex-presidente estava proibido de usar “redes sociais, diretamente ou por intermédio de terceiros”. O ministro não determinou o bloqueio ou suspensão dos perfis, mas impediu que o ex-presidente as utilizasse.

Já nesta segunda-feira (21), Moraes deu uma nova ordem em que afirma que essa medida “inclui, obviamente, as transmissões, retransmissões ou veiculação de áudios, vídeos ou transcrições de entrevistas em qualquer das plataformas das redes sociais de terceiros”.

Diz ainda na sequência que Bolsonaro não pode “se valer desses meios para burlar a medida, sob pena de imediata revogação e decretação da prisão”.

Horas depois, reafirmou a decisão, mandando o ex-presidente prestar esclarecimentos por ter exibido a tornozeleira a fotógrafos e proferido “discurso para ser exibido nas plataformas digitais” durante a tarde no Congresso.

A proibição foi determinada como uma medida cautelar alternativa à prisão no âmbito de uma investigação que tem como alvo a atuação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) junto ao governo de Donald Trump em defesa de sanções a autoridades brasileiras.

Em linhas gerais, medidas cautelares podem ser determinadas antes de eventual condenação, quando há risco de prejuízo em caso de demora, com objetivo de evitar o risco de novas infrações, mas sem aplicar uma ordem mais grave, como seria a prisão preventiva.

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