sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Vacina universal contra o câncer elimina tumores em testes e pode abrir caminho para tratamento
21/07/2025

Uma nova vacina de mRNA, desenvolvida por pesquisadores da UF Health, mostrou resultados surpreendentes ao eliminar tumores em modelos animais, mesmo sem ter como alvo um tipo específico de câncer. O diferencial da pesquisa está justamente na abordagem: em vez de buscar um antígeno tumoral específico, a vacina foi desenhada para provocar uma ativação intensa e ampla do sistema imunológico — como se o corpo estivesse reagindo a um vírus.

“Foi uma grande surpresa observar que uma vacina de mRNA, sem direcionamento para um câncer específico, conseguiu gerar uma resposta imune com efeitos anticâncer bastante expressivos”, disse o oncologista pediátrico Elias Sayour, líder do estudo.

Tumores desapareceram em testes com melanoma e câncer cerebral

Nos testes em camundongos, a vacina foi combinada com imunoterapias já conhecidas, como os inibidores de checkpoint imunológico (a exemplo do anti-PD-1), que atuam liberando as células T para atacar o tumor. A resposta foi surpreendente: tumores de melanoma resistentes a tratamentos desapareceram completamente em alguns casos. A abordagem também mostrou eficácia contra câncer ósseo e glioblastoma, um tipo de tumor cerebral altamente agressivo.

Segundo os cientistas, a chave da estratégia foi induzir os tumores a expressarem a proteína PD-L1, tornando-os mais visíveis ao sistema de defesa. Isso potencializou a ação da imunoterapia.

Tecnologia baseada em vacinas da covid-19

A vacina experimental utiliza a mesma base das vacinas contra a covid-19, como as da Pfizer e Moderna: RNA mensageiro encapsulado em nanopartículas lipídicas, que levam instruções às células para desencadear a resposta imune.

No ano passado, a equipe já havia testado com sucesso uma vacina personalizada de mRNA contra glioblastoma em humanos, criada a partir de células tumorais de cada paciente. Agora, o avanço é maior: trata-se de uma vacina genérica, com potencial de aplicação mais ampla e sem a necessidade de personalização.

“Estamos propondo um terceiro paradigma no desenvolvimento de vacinas contra o câncer”, explicou Duane Mitchell, coautor do estudo. “Em vez de personalizar a vacina para cada tumor ou buscar alvos comuns entre pacientes, nossa proposta é usar uma resposta imune forte, inespecífica, como principal arma.”

Próximo passo: testes em humanos

A expectativa agora é iniciar ensaios clínicos com humanos. “Se conseguirmos replicar esses efeitos em pacientes, abriremos caminho para uma vacina universal contra o câncer, capaz de treinar o sistema imunológico para reconhecer e destruir tumores”, afirmou Mitchell.

A pesquisa foi financiada por agências americanas como os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) e representa uma esperança concreta para casos em que os tratamentos tradicionais, como quimioterapia e radioterapia, têm pouca eficácia.

“Estamos falando da possibilidade de ativar o sistema imune do próprio paciente contra seu câncer. Se isso se confirmar em humanos, as implicações serão profundas para o futuro da oncologia”, concluiu Mitchell.

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