“Eu sou uma grande sapata, você tem uma filha bem gay.” Foi com essa mensagem direta e afetuosa que Flor Gil, neta do mestre Gilberto Gil, se revelou para a mãe, Bela Gil. Tinha 15 anos na época. Hoje, aos 16, ela continua sendo linda, inteligente, sensível — e gay. E isso parece incomodar quem ainda vive preso a estereótipos.
Flor não faz pose de mártir, nem precisa. Fala da própria sexualidade com a naturalidade de quem cresceu em um lar onde liberdade não é discurso, é prática. Com mãe natureba que falava abertamente sobre seu relacionamento aberto, com tia bissexual, com um avô que sempre foi defensor da diversidade. Como seria diferente?
Mas mesmo cercada de amor, ela enfrenta o veneno da ignorância. “Que pena, essa menina era tão angelical…”, dizem alguns, como se a homossexualidade fosse uma mancha no vestido branco da infância. Flor responde com a calma de quem já entendeu tudo: “Não dá pra botar isso pra dentro, senão vai acabar comigo.”
E não vai. Flor está bem resolvida, bem amada, bem firme. Não é rebelde — é livre. E ser livre, nesse mundo torto, é o maior ato de rebeldia.