“Diz-me com quem andas e te direi quem és.” A origem exata do ditado é incerta, mas o ensinamento atravessa séculos como alerta para o risco de más companhias. Serve, hoje, como retrato perfeito de Robinho — ex-jogador da Seleção Brasileira, preso por estupro coletivo, e agora envolvido em um plano para criar um site de apostas esportivas ao lado do hacker Walter Delgatti Neto, dentro da Penitenciária II de Tremembé, no interior de São Paulo.

A informação foi confirmada por ninguém menos que o próprio Delgatti, em conversa com seu advogado. A ideia seria lançar a plataforma assim que ambos tivessem progressão de regime. Enquanto isso, os dois estariam “trocando conhecimentos” — o hacker aprendendo com o jogador sobre apostas online.

A parceria não é só absurda. É simbólica. Delgatti foi condenado a oito anos por invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça, em um caso que envolveu também a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), hoje foragida. Robinho, por sua vez, cumpre pena de nove anos por estupro coletivo contra uma mulher albanesa, crime cometido em 2013, na Itália. Todas as instâncias daquele país confirmaram sua culpa. No Brasil, o STJ homologou a sentença, e ele foi preso em março do ano passado.

Agora, a defesa tenta reduzir a pena para o mínimo legal e conseguir regime semiaberto. O recurso será julgado em 6 de agosto. Enquanto aguarda, Robinho sonha com um novo negócio, ao lado de mais um condenado.

O ex-jogador caiu por más escolhas. Cercou-se de cúmplices e cometeu um crime hediondo. A vida lhe ofereceu tempo e motivo para refletir — mas ele preferiu seguir rodeado de figuras duvidosas. Walter Delgatti não é reabilitação, é reincidência.

Robinho segue tropeçando no mesmo erro: andar com quem o leva ao fundo.