sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Ramos e Espinhos
15/04/2025

O Brasil de hoje se assemelha, como nunca, a uma Semana Santa.
Aberta no Domingo de Ramos e encerrada no Domingo da Ressurreição, essa semana é marcada por uma singularidade que atravessa os séculos: o papel da opinião pública.

No Domingo de Ramos, Jesus é recebido por uma multidão gloriosa. Estendem-lhe as mãos, os ramos, e tudo o que simboliza louvação e esperança. Mas a partir dali, começa a perseguição do sistema. Ele é traído por um dos amigos mais próximos, abandonado pelos demais e, por fim, preso.

Ao longo da semana, a verdade se despe por completo. Corre nua, como o jovem da cena quase esquecida da paixão: um homem envolto apenas num lençol que, ao ser arrancado, foge nu pelas ruas.

Na sexta-feira, tudo se decide. Em um único dia, entre todas as mesas do julgamento, Jesus é ouvido, condenado e crucificado. Diante da farsa pública, responde a Pilatos com o silêncio e com as costas — quando lhe é perguntado: “O que é a verdade?”

Não é mais a mesma multidão. A turba que coonesta a condenação, acumpliciada com o poder, já não é povo: é plateia dominada pelos interesses de quem se julga forte.
Não é mais a opinião pública.
É a opinião publicada: corrompida, comprada, necessitada — na maioria das vezes.

Cristo é crucificado entre dois ladrões. A um deles, o da direita, promete o paraíso imediato.

Dixi et salvavi animam meam.
(“Disse, e salvei a minha alma.”)

Que a terra nos seja leve.
Feliz Páscoa!

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