
O futebol brasileiro vive sua própria guerra fria. Flamengo e Palmeiras, empatados na liderança do Brasileirão e finalistas da Libertadores, transformaram a paixão esportiva em algo mais parecido com uma disputa ideológica. Não se trata mais apenas de bola e gol, é uma batalha de narrativas, poder e influência, que reflete o clima de polarização que o país já conhece bem.
Nesta semana, o Flamengo apresentou à CBF o documento “Fair Play Financeiro”, propondo novas regras para o futebol nacional. Entre elas, o fim dos gramados sintéticos, medida que, por coincidência (ou não), atingiria diretamente o Allianz Parque, do Palmeiras. O texto fala em “desequilíbrio financeiro” e “risco à saúde dos atletas”, mas soa como provocação.
A resposta veio rápida. Leila Pereira, presidente do Palmeiras, atacou o STJD por adiar o julgamento de Bruno Henrique, do Flamengo, acusado de envolvimento em manipulação de resultados. “O Palmeiras sempre respeitou as instituições, mas espera o mesmo respeito de volta. O que está acontecendo não é justo”, disse, após ver seu próprio jogador, Allan, ser suspenso.
A rivalidade dos dois gigantes extrapolou o campo e se instalou nas salas da CBF, nos tribunais e nas redes sociais. Um lado fala em privilégios, o outro em perseguição. É o Fla x Palmeiras que virou uma espécie de “direita e esquerda” do futebol, cada qual com sua verdade, seus seguidores fiéis e sua disposição para o confronto.
E assim, enquanto a bola não rola na final da Libertadores, o Brasil assiste a um espetáculo paralelo: o da paixão que virou extremismo. Porque, no futebol como na política, ninguém quer ficar no meio do caminho.