E foi divulgado que a procuradoria da justiça esportiva pediu e foi atendida pelo presidente do STJD que o Internacional seja obrigado a jogar de portões fechados por três partidas, em razão do episódio em que, no jogo de ontem, 31 de março, foi atirada uma banana no gramado em direção às jogadoras do Sport.
Mas usa a mesma linha de pensamento que norteia a aplicação da mesma pena que obriga ao clube a jogar de portões fechados, do masculino, é um grande desconhecimento da realidade do público presente a um jogo do feminino, que infelizmente ainda é baixo, bem como um desconhecimento dos preparativos e dos gastos que envolvem uma partida de futebol com torcida.
Por exemplo, quando há a presença de públicos nos jogos, o clube mandante tem os seguintes gastos: a água que é utilizada tanto para o consumo humano, nos bebedouros, quanto no banheiro e nos sanitários, bem como o esgoto. Não é todo estádio que usa água da chuva para os seus banheiros. Ainda existe a necessidade da limpeza do local, da partida, para receber o público, bem como o pagamento da remuneração para as pessoas que vão trabalhar na bilheteria, na revista dos torcedores e dos controladores de entrada.
Quando se proíbe a presença da torcida pela aplicação de uma punição desportiva em razão dos porões fechados, esses gastos deixam de existir, pois não se precisa preparar a estrutura para receber esse público.
Infelizmente, no feminino, a presença do público não é grande, fazendo com que os jogos em sua quase totalidade sejam deficitários, razão pela qual muitos jogos são realizados em centros de treinamentos ou em estádios secundários dos clubes, pois não é recompensador financeiramente abrir o estádio principal.
Assim, jogar de portões fechados acaba por ser um prêmio, já que não há o custo da operação para a abertura do estádio, em que apenas se tem um pequeno número de torcedores, presentes ao evento, que muitas vezes não fazem a mesma pressão que se tem nos jogos do masculino.
Assim, a procuradoria em jogos do feminino, ou de base, seja masculino ou feminino, deve buscar outra punição que efetivamente venha a provocar uma mudança na forma como o clube lida com a sua torcida, bem como da própria torcida, não mantendo uma punição que apenas tem razão de ser para os campeonatos masculinos adultos, em que efetivamente se tenha torcida nos estádios.
Chegou a hora de rever as normas esportivas, criadas pensando apenas em jogos de primeira divisão do campeonato masculino brasileiro, pois pode acontecer de em jogos em campeonatos estaduais, também não have vantagem financeiras em receber o publico.
O fato acontecido precisa ser apurado pela autoridade competente para se saber ao certo o que aconteceu e qual a motivação. E caso alguma atleta se sinta ofendida, pessoalmente, poderá entrar contra a pessoa para pedir a reparação do dano moral que possa ter sofrido por ter sido desrespeitada enquanto estava trabalhando.