Por mais que tente manter a pose, a história de Pedro no Flamengo parece ter chegado ao fim. A crise exposta nos últimos dias deixou exposta uma ruptura que, mesmo que venha a ser remendada no papel, dificilmente será reparada na alma do clube, do elenco e da torcida.

De um lado, um jogador com histórico vitorioso, autor de gols decisivos, ídolo recente da Nação. Do outro, uma comissão técnica que cobra empenho, entrega e respeito à cultura de treino. No meio, um vestiário rachado e uma torcida dividida. Mas quem tem razão nessa queda de braço?

O lado da comissão

O técnico Filipe Luís foi direto: chamou o comportamento de Pedro de “lamentável”, disse que ele “beirou o ridículo” e afirmou que o atacante “foi o último em tudo” nas métricas físicas da semana.

Para Filipe, a ausência de Pedro na lista de relacionados não foi punição, foi consequência. “Não se negocia um minuto de treino”, disparou. E completou: “Espero que ele se recapacite, que pense e peça desculpas aos companheiros. A culpa é dele. Ele tem que querer”.

A mensagem é clara: quem não respeita o grupo e não entrega nos treinos, não joga — independentemente de nome, história ou salário.

A resposta de Pedro

Em nota oficial, Pedro rebateu com elegância, mas sem esconder o incômodo. Disse que se sentiu “desvalorizado e exposto”, criticou a forma como foi colocado à venda por um membro da diretoria e afirmou que a maneira como foi excluído do jogo foi “acima do tom e desrespeitosa”.

Assumiu que seu rendimento caiu, mas associou essa queda ao impacto emocional da situação. Reconheceu os erros, mas cobrou respeito por sua trajetória.

Foi uma nota madura, sim — mas ainda assim, um tanto distante da autocrítica que a torcida esperava.

O torcedor já sabe de que lado está

Pedro é um dos atacantes mais talentosos do Brasil. Mas talento não garante vaga no time — muito menos no Flamengo. O clube lhe paga mais de R$ 1 milhão por mês. Quem recebe isso não pode se dar ao luxo de estar desmotivado. Não pode deixar de correr, de competir, de treinar com intensidade. E, principalmente, não pode colocar o ego acima do grupo.

Se há problemas com a diretoria, o lugar para resolvê-los não é nos bastidores, nem nos treinos com corpo mole. Pedro falhou — e falhou feio. E a resposta que ele poderia dar a Filipe Luís, ao torcedor e ao próprio Flamengo, era simples: marcar gols. Mas nem isso ele tem entregado.

No fim das contas, parece que Pedro perdeu o vestiário, perdeu o treinador, e perdeu o torcedor.