
Os acampamentos montados em frente aos quartéis após as eleições de 2022 não foram simples manifestações. Alimentavam a esperança de parte da população de que uma intervenção militar poderia manter Bolsonaro no poder. Com o tempo, essa expectativa se transformou em ação: a ocupação das sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023, tentou inviabilizar o funcionamento das instituições democráticas.
Muitos que participaram acreditavam sinceramente que estavam prestes a mudar o rumo do país. Filmavam-se, expunham-se, certos de que seriam vistos como heróis. É possível que boa parte não compreendesse a gravidade do que faziam. Mas havia um núcleo organizado, como aponta a Procuradoria-Geral da República, que articulava os bastidores com plena consciência dos riscos e objetivos.
As condenações severas recaem sobre quem teve participação direta e mais ativa. Outros, com envolvimento menor, aceitaram acordos com a Justiça. Há ainda os que preferem o silêncio à confissão, sustentando que apenas exerceram seu direito à manifestação.
Cabe agora à Justiça separar o engano da intenção, a ilusão do crime. E ao país, aprender com os erros para que a democracia não volte a ser colocada à prova dessa forma.