O leitor pouco se expressa fora do olhar do olho, como traduz o Talmude: mar’it ha-ain. Assistir à sua leitura é alcançar a mais pura compreensão prática — e real — do que se lê. É o bastante, para quem tem esse privilégio.
Por hábito, ele não escreve. Nas poucas vezes que o fez, foi por obrigação, apenas para ser admitido à curiosa condição de assistente — da qual é, aliás, a origem. Poucos também o ouviram. Prefere ser traduzido à individualidade, do que explicado no coletivo — ou no plural.
Como sei de sua leitura? Preferi escrever por um dos meus ancestrais da samsara.
A esse ponto cabe uma explicação: há uma interpretação antiga — talvez do próprio leitor, em sua eternidade — que oferece ao Bhagavad Gita a leitura de que “nunca houve, nem há, nem haverá um tempo sem tudo o que existe”. Essa eternidade é a sua biblioteca.
Por isso, fi-lo leitor do seguinte texto:
“A cada nascer do sol, Deus tenta nos mostrar que a nossa diferença é, simplesmente, ontológica.
Todas as outras, que se exibem plasticamente, são falsas manifestações da realidade.
A tal Inteligência Artificial veio exibir isso.
Até aqueles dons que pareciam usar a inteligência como ponto de distinção… já não espantam.
Sempre que alguém tenta se exibir além dos próprios reflexos e sombras, mente.
Há muitos símbolos — e significados e instituições — criados apenas para validar essa falsidade.
Mesmo assim, são chamados de ‘autoridades’. O que não são.
O mais puro texto de todos os tempos foi apagado, após a leitura feminina.
Não que se comparem…Mas agradeço se você apagar este.”