Por séculos, o gengibre tem sido apontado como um santo remédio natural. Usado em chás, cápsulas, sucos e até balas, ele virou sinônimo de alívio para enjoo, má digestão e dores abdominais. Mas será que essa fama toda tem base científica — ou é apenas tradição popular?
O que diz a ciência
Diversos estudos confirmam que o gengibre possui compostos bioativos, como o gingerol e o shogaol, que têm efeito anti-inflamatório e ajudam a estimular a motilidade gástrica — ou seja, facilitam o esvaziamento do estômago. É justamente por isso que o gengibre costuma ser indicado em casos de náuseas, enjoo de viagem e até mal-estar durante a gravidez.
Pesquisas publicadas em revistas médicas como The Journal of Ethnopharmacology e BMJ Open mostram que o gengibre pode reduzir significativamente os episódios de enjoo e vômito em gestantes e pacientes submetidos à quimioterapia. Os resultados, contudo, variam de pessoa para pessoa e dependem da dosagem e da forma de consumo.
Os limites do “remédio natural”
Apesar dos benefícios comprovados, o gengibre não é uma panaceia. Especialistas alertam que ele não substitui tratamentos médicos e pode até causar desconforto em quem tem gastrite, refluxo ou úlceras, devido à sua ação estimulante sobre os ácidos do estômago.
Além disso, em doses elevadas, o gengibre pode interagir com medicamentos anticoagulantes, potencializando o risco de sangramentos. O ideal é sempre consumir com moderação e, se possível, com orientação médica.
Como usar sem exagero
O formato mais seguro é o natural — uma fatia fresca no chá ou na água morna, sem açúcar em excesso. Cápsulas e suplementos devem ser usados com cautela, já que a concentração dos princípios ativos varia muito entre marcas.
Nutricionistas costumam recomendar 1 a 2 gramas por dia, o que equivale a uma colher de chá de gengibre ralado. E vale lembrar: os efeitos não são imediatos. O uso contínuo, aliado a uma boa alimentação, é o que faz diferença.
Entre tradição e evidência
O gengibre talvez seja um dos raros casos em que a sabedoria popular e a ciência andam lado a lado. Ele não é milagreiro — mas, dentro dos limites, funciona. É um lembrete de que o poder das plantas medicinais continua sendo um campo fértil entre a tradição e a pesquisa científica.