O industrial paulista José Flavio Pinheiro Lima assumia a presidência do Botafogo no início de janeiro de 1976. Contratou o técnico Pedrinho Rodrigues. Manteve a base do Clube em 1975 com Salvino, João Carlos, Celso, Fantick, Evandro, Nelson, Baltazar, Kalu, Benício e Erasmo. Contratou o goleiro Pompéia e o ponta esquerda Vandinho. E trouxe os atletas Vinicius, Zé Luiz, Roberto Viana, Lucas e Mauro Madureira, que tinham estourado idade no junior do São Paulo.
O regulamento do campeonato de 1976 previa 2 turnos. O primeiro seria disputado em pontos corridos. O segundo turno dividia os times em duas chaves, em função da classificação par ou ímpar de cada time no 1o turno. Os campeões de cada chave decidiriam o turno. O Botafogo ganhou os dois turnos e se tornou Campeão direto do Campeonato.
Entretanto, precisamos destacar as decisões dos dois turnos, que foram emocionantes.
O primeiro turno, com pontos corridos, colocou frente à frente Botafogo e Treze, na última rodada, no Almeidão. Os dois times tinham a mesma campanha com 10 vitórias e 1 empate. O Botafogo levava pequena vantagem no saldo de gols e, por isso, jogava pelo empate.
Com um público de 30.507 pagantes, o jogo BOTAFOGO x TREZE realizado em 02 de maio de 1976 não terminou. Não chegou a seu final. O Treze fez 1×0 no primeiro tempo, com gol contra de Baltazar ao desviar um forte chute do ponteiro Galego. Aos 32 minutos do 2o tempo, o meia Benício escapou pela esquerda, entrou na área, e foi derrubado pelo zagueiro Trezeano Cidão. O juiz Antonio Toscano não teve dúvida e marcou a penalidade máxima. Do banco do Treze veio a ordem do técnico Zé Lima: “Não deixa bater o penalty”. Depois de muito tumulto, a diretoria do Treze ordenou que os seus atletas abandonassem o campo de jogo. O Treze já usou muito desse expediente. Depois conto essa história. O juiz encerrou o jogo e o TDJ mandou a FPF dar os pontos ao Botafogo, constando o placar de 1×0 para o time da Capital, como mandava a legislação desportiva. Eis a ficha técnica desse jogo:
Domingo – 02/05/1976 – Est. Almeidão
BOTAFOGO 0x1 TREZE
Público: 30.507 pagantes
Renda: Cr$ 408.465,00
Juiz: Antonio Toscano
Aux: Everaldo França e José Marinho
Gol: Baltazar (contra) 17/1 (Treze)
Cartão Vermelho: Gil Marques (Treze)
Anormalidade: O Treze abandonou o campo, no 2o tempo, quando o juiz marcou um penalty a favor do Botafogo. O Treze ganhava por 1×0 e o empate daria o título ao Botafogo. A FPF determinou a perda dos pontos do Treze e o resultado computado foi Botafogo 1×0 Treze.
Botafogo: Pompéia, Vinícius, João Carlos, Zé Luiz e Evandro; Baltazar, Roberto Viana e Kalu; Lucas, Ari (Benício) e Erasmo (Reinaldo). Técnico: Pedrinho Rodrigues
Treze: Renato, Son, Cidão, Carioca e Heliomar; Gil Marques, Gil Silva e Soares; Galego, João Paulo (Adelino) e Moisés. Técnico: Zé Lima
O segundo turno, por sua vez, foi decidido entre Botafogo, Campeão da Chave A, e a Desportiva Borborema, ou Desportiva Gavião como era conhecida, Campeão da Chave B, que eliminara o forte time do Treze. O Gavião era um time de Campina Grande que surgiu com a dissidência na Diretoria do Campinense. O desportista e médico Dr. José Aurino era seu presidente. Contava com craques como Odon (ex-Botafogo), Bispo e Tinteiro (ex-Portuguesa-SP), Edgar (ex-Campinense).
Foi um grande jogo, com 13.500 pagantes, BOTAFOGO x GAVIÃO, realizado em 11 de julho de 1976, apitado pelo juiz carioca José Aldo Pereira. O Botafogo jogava pelo empate, em função de sua melhor campanha no Campeonato. Mas quase que o título não vinha. No primeiro minuto de jogo o atleta Bispo sofria penalty. O próprio Bispo bateu para fora, desperdiçando a chance de ficar à frente no placar. Aos 35 minutos do 1o tempo Baltazar cobrava uma falta e fazia o primeiro gol do jogo. O Gavião empatou aos 35 minutos do 2o tempo, através de Edmilson. E o placar terminava em 1×1, dando o título de Campeão de 1976 ao Botafogo, em mais uma conquista INVICTA. Eis a ficha técnica desse jogo:
Domingo – 11/07/1976 – Est. Almeidão
BOTAFOGO 1×1 DESP. GAVIÃO
Público: 13.422 pagantes
Renda: Cr$ 228.179,00
Juiz: José Aldo Pereira
Aux: José Ribamar e Antonio Américo
Gols: Baltazar 34/1 (Botafogo); Edmilson 35/2 (Gavião)
Botafogo: Pompéia, Vinícius, João Carlos, Zé Luiz e Fantick; Baltazar e Roberto Viana; Lucas, Reinaldo (Nelson), Mauro e Vandinho. Técnico: Pedrinho Rodrigues
Desp. Gavião: Sílvio, Roberto Oliveira, Almir, Tony e Tinteiro; Ronaldo, Mazinho e Odon (Cláudio); Edmilson, Edgar e Bispo. Técnico: Ivan Navarro
Foi a primeira conquista com a estrela vermelha no seu escudo. A campanha do Botafogo foi extraordinária. Em 19 jogos disputados, venceu 16 e empatou 3. Marcou 53 gols e sofreu apenas 8. Seu principal artilheiro foi Reinaldo, com 10 gols, considerado o craque do Campeonato. Vale lembrar que o meia Roberto Viana, no ano seguinte, foi Campeão Brasileiro – Série A – pelo São Paulo.
Foi o sexto Campeonato Paraibano conquistado de forma INVICTA pelo maior time da Paraíba. O Belo era BiCampeão Paraibano. Dias depois esse time disputava, pela primeira vez, a Série A do Campeonato Brasileiro. Na foto uma formação do 1o turno.
Pra cima deles, Belo!!!
