Durante um show da banda Aventura, em Santo Domingo, no fim do ano passado, a influenciadora dominicana Miriam Cruz viveu um daqueles momentos que mudam a vida — para o bem e para o mal. Animada, empunhou um cartaz pedindo para cantar com o grupo. Foi chamada ao palco. Até aí, um sonho realizado.
Mas o que era festa virou terremoto quando Miriam, casada havia dez anos, abraçou o vocalista Romeo Santos e o beijou na boca, em plena plateia lotada. O público vibrou, a internet explodiu, e a história correu o mundo.
As redes reagiram rápido. Miriam recebeu críticas duras e, pior que isso, enfrentou a consequência mais pesada: o marido pediu o divórcio. Depois, arrependida, ela publicou um pedido de desculpas — que logo apagou — dizendo que deixou o momento falar mais alto do que a razão. “Foi um sonho realizado, mas esqueci que sonhos também exigem respeito”, escreveu.
Agora, na Sem Vergonha: quando o desejo atropela a vida real
O caso de Miriam não é sobre fofoca — é sobre algo muito mais humano: o impacto que o desejo tem sobre nós.
Quem nunca sentiu aquele frio na barriga diante de alguém que admirava? Um artista, um ídolo, um crush proibido? No palco, sob luzes, música, adrenalina e aplausos, é fácil confundir fantasia com permissão.
E é aí que mora o risco.
A sexualidade — saudável, potente, bonita — sempre passa por um ponto delicado que às vezes esquecemos: limite. Não limite para podar o prazer, mas para proteger quem somos e quem escolhemos ter ao lado.
Porque a liberdade é linda, mas o desejo não pode virar terremoto na vida de ninguém.
O erro de Miriam não foi sentir vontade. Isso, todos nós sentimos. A questão é o que fazemos com ela.
A sem-vergonhice boa — aquela que celebramos aqui na coluna — é diferente:
é aquela que existe com respeito, com consentimento, com presença de espírito, mesmo quando o corpo pede para ser impulsivo.
Às vezes, o beijo que a gente não dá vale mais do que o beijo que a gente dá.
Afinal, o que a história ensina?
Que o desejo é uma força enorme — maravilhosa, necessária — mas precisa ser guiado, não solto.
Que a admiração não dá autorização.
Que momentos de calor passam, mas as escolhas ficam.
E que, acima de tudo, não existe liberdade sexual sem responsabilidade emocional.
O sonho de Miriam era estar no palco. Conseguiu.
Mas pagou um preço que talvez nem ela imaginasse.
Na vida — e no sexo — a gente aprende:
o prazer é grande, mas o respeito precisa ser maior.