sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Neymar 2026 ou Ronaldo 2002? A história pode se repetir – para o bem ou para o mal
01/09/2025

Hoje faz uma semana que o técnico Carlo Ancelotti anunciou a sua segunda lista à frente da Seleção Brasileira para os dois jogos restantes das Eliminatórias, contra Chile e Bolívia. Já classificado para a Copa, o treinador italiano se deu ao luxo de abrir espaço para observações: chamou nove jogadores inéditos e, ao mesmo tempo, deixou de fora nomes que certamente estarão no Mundial, como Vinícius Júnior, Rodrygo e, talvez, Neymar.

Vale relembrar que a justificativa foi seca, quase ríspida. Questionado sobre a ausência do camisa 10, Ancelotti respondeu que só convoca quem está 100%. “Neymar não precisa de testes, se ele estiver bem fisicamente, claro que quero contar com ele”, disse. Uma postura elogiada por parte da crônica esportiva, que há muito não esconde certo prazer em criticar Neymar, ignorando o fato de que, mesmo limitado, ele continua sendo o jogador mais talentoso da sua geração.

Mas o que está em jogo vai além da antipatia midiática. A comparação inevitável é com o que aconteceu em 2002. À época, o técnico Luiz Felipe Scolari decidiu convocar Ronaldo Fenômeno mesmo quando ele ainda não tinha sequer 70% da condição física. O atacante estava sendo boicotado pelo argentino Héctor Cúper, treinador da Inter de Milão, que o deixava no banco em plena recuperação de uma grave lesão. Filipão assumiu o risco, tratou Ronaldo dentro da Seleção e colheu os frutos. Precisamos admitir que, sem o Fenômeno, o Brasil dificilmente teria conquistado o penta.

Se Felipão tivesse o mesmo raciocínio que hoje Ancelotti quer adotar com Neymar, Ronaldo sequer teria viajado ao Japão e à Coreia. A história seria diferente.

Neymar não é apenas mais um jogador. Ele é, de longe, o último grande nome brasileiro capaz de decidir uma Copa, tal como Messi fez com a Argentina em 2022. A diferença é que Messi sempre se preservou melhor fisicamente, mas também contou com uma seleção montada ao seu redor. E deu resultado.

Por isso, antes de aplaudir a “firmeza” de Ancelotti, talvez valha refletir: a Seleção Brasileira tem hoje outro jogador capaz de assumir o papel de protagonista como Neymar ainda pode assumir? Se a resposta for não, tratá-lo apenas com frieza administrativa pode custar caro.

A coluna Futebol Etc na edição impressa do Jornal de Brasília, nesta segunda-feira (1/9)

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