
Lionel Messi não foi apenas mais um grande jogador a trocar a Europa pelos Estados Unidos. Sua chegada ao Inter Miami, em junho de 2023, marcou um divisor de águas para a MLS, que passou a viver um ciclo de crescimento acelerado, de visibilidade e de dinheiro. A fórmula não é nova, mas continua infalível: basta um craque de primeira grandeza entrar em campo para que um campeonato inteiro mude de patamar.
Foi assim com Pelé, que levou o futebol norte-americano a outro nível nos anos 1970, mesmo já fora do auge. Foi assim com Zico, que praticamente fundou o futebol japonês moderno e se tornou um ícone eterno no país. Foi assim com Cristiano Ronaldo, que fez da liga saudita um produto global. E agora, é assim com Messi: um nome que atrai audiência, patrocínio e, sobretudo, outros nomes.
Os números falam por si. Desde a estreia do argentino, o faturamento da MLS cresceu 18%, a receita de patrocínios subiu 13% (chegando a US$ 665 milhões), e a audiência média das transmissões aumentou 50%. O pacote de streaming MLS Season Pass, da Apple TV, saltou de 6 mil para 110 mil assinantes no dia da estreia do craque. O efeito Messi é tão poderoso que abriu as portas para contratações como Busquets, Jordi Alba, Luis Suárez, Giroud, Lloris, De Paul e, em breve, Son Heung Min — este último prestes a se tornar a negociação mais cara da história do futebol nos EUA.
E aqui vem a pergunta que incomoda: qual foi o efeito Neymar para o Campeonato Brasileiro quando voltou ao Santos? Em tese, ainda com mercado na Europa, poderia ter alavancado a visibilidade internacional do Brasileirão. Poderia ter atraído patrocinadores e público de fora, como fazem Messi, Ronaldo e outros gigantes. Mas o que se viu, na prática, foi um retorno cercado de polêmicas e fofocas, sem impacto relevante na valorização do campeonato. Futebol de alto nível? Muito pouco. Crescimento do Brasileirão como produto global? Nenhum.
Apesar da vergonhosa goleada de 6 x 0 para o Vasco, talvez o Santos tenha sentido algum impulso pontual, mas, no conjunto, Neymar devolveu muito menos ao futebol brasileiro do que o futebol brasileiro já lhe deu. Enquanto isso, a MLS, com Messi, mostra como um craque pode mudar tudo — se estiver disposto a entregar mais que marketing pessoal.
