Miguel Lucena
O marketing olfativo é a arte de conquistar pelo nariz. Um cheiro de pão saindo do forno, o aroma do café recém-passado, o perfume suave em uma loja de roupas — tudo isso é estratégia para encantar o freguês e fazê-lo permanecer mais tempo, consumir mais, sentir-se bem.
Mas existe também o antimarketing olfativo, que funciona ao contrário: em vez de atrair, afasta. É o fedor que espanta, a catinga que encurta até a fé. Quem duvida, que pergunte em Princesa. Numa missa de finados no cemitério, Antônio Raimundo, sem pedir licença aos vivos nem respeito aos mortos, soltou um peido tão cabeludo que Frei Mariano pensou em encerrar a celebração ali mesmo, tamanha a névoa tóxica que se espalhou entre velas e rezas.
Se o marketing olfativo prolonga a permanência do cliente, o antimarketing olfativo encurta até a homilia do frei. E assim descobrimos que os cheiros, sejam bons ou ruins, têm poder: uns abrem o apetite, outros fecham a missa.
