Em 1925, no calor do Tennessee, um professor chamado John Scopes foi julgado por ensinar a teoria da evolução numa escola pública. A lei proibia — Deus havia criado o homem à sua imagem, e não à imagem de um macaco. O tribunal virou picadeiro: de um lado, o criacionismo brandindo a Bíblia; do outro, a ciência empunhando Darwin. O caso virou manchete, virou teatro, virou símbolo. E o “macaco”, coitado, entrou para a história sem nunca ter dado aula.
Cem anos depois, o macaco ainda está no banco dos réus. Ora é acusado de corromper crianças com livros didáticos, ora de invadir escolas com ideologias “modernas demais”. Trocaram-se os nomes, mas o enredo continua: fé contra razão, conservadorismo contra mudança. A diferença é que agora o tribunal é a internet — onde todo mundo julga, condena e absolve com a mesma rapidez de um clique.
No fundo, o velho macaco nunca saiu de cena. Ele apenas aprendeu a digitar.
