
Comecei a frequentar os Estádios da Paraíba ainda nos anos 60, ainda criança, com 8 a 10 anos. Alguns jogos aconteciam na Graça. A maioria era realizado no Estádio Olímpico. Na época de Janca, de Nereu, de Marajó, de Nininho, de Valdeci Santana, de Zezito, de Odon, de Dissor, do goleiro Fernando, de Zito Camburão, e de tantos outros craques. Cresci no Olímpico ou na Graça, fiquei adolescente, mudaram alguns jogadores, mas continuamos a assistir jogos nesses dois Estádios.
Nos primeiros batentes da arquibancada principal do Olímpico estava a elegante Dona Dionísia, torcedora símbolo do Belo, sempre impecável em suas roupas em preto-e-branco, em xadrez, as cores do seu time de coração. Com Dionísia sempre estava a bela Lourdinha, uma morena de corpo escultural. Também de calça preta, bem colada ao corpo, e blusa preta-e-branca, em xadrez. Pareciam, juntas, uma Torcida Organizada. Confesso que Lourdinha foi minha primeira paixão. Eu, com 12-14 anos, apaixonado por uma moça de 20 anos. Lourdinha era linda demais, tinha um rosto angelical. Não dava bola pra mim. Mas isso não impedia de levá-la pra casa, em pensamento. Eu e minhas paixões platônicas…
Essas duas e mais outras meninas deram algumas vitórias ao Botafogo.
Descobri, um certo dia, o endereço de Dionísia. Uma casa, onde nos anos 60 funcionava um bar, na Estação Ferroviária, lá no Varadouro, próxima à Rua da Areia. Visitei a casa de Dionísia e levei uma camisa do Belo, seu Time do Coração. Não se fez de rogada. Ao receber a camisa, tirou sua blusa à minha frente, com todo o pudor que tinha. Lembrei-me do poeta: “Tinha tanto pudor que andava nua”. Por sorte a camisa lhe caiu como uma luva. Ficou muito feliz com o presente.
A casa de Dionísia ainda é no mesmo local de antigamente. Lá funcionava um Bar onde Dió recebia seus convidados, no sábado à noite, vindos da concentração do time visitante, ou no domingo à noite, já com atletas de seu time, depois de uma vitória, ou de derrota, estavam lá se confraternizando.
Dió costumava descobrir qual o adversário que ficava hospedado no Hotel Globo, no Centro Histórico, para enfrentar o Botafogo. Escalava seu melhor time para o treinamento do sábado à noite. Assim foi com times do interior da Paraíba, como com times de fora do Estado. E lá ia o pelotão de Dionísia atanazar os adversários de seu time. A noite era curta para as meninas e para os atletas escolhidos…
Foi com Dió que eu soube do problema grave de Nininho. Dió levava, a cada jogo, absorvente higiênico (modess) para o Fiapo usar durante o jogo. Nininho perdia muito sangue numa partida. Vivia anêmico e isso lhe tirou a oportunidade de jogar na Portuguesa de Desportos, de São Paulo.
À você, Dionísia, à você, Lourdinha, dedico essa pequena homenagem de um eterno apaixonado.
Pra cima deles, Belo!!!