A vitória do Santos sobre o Flamengo nesta quarta-feira foi daquelas que valem mais do que três pontos. Era o líder do Brasileirão contra um time que namorava a zona de rebaixamento. E foi justamente o time ameaçado que venceu, com gol de Neymar. Um resultado importantíssimo — e simbólico.
Porque mais do que a vitória do Santos, o que vimos foi a volta do protagonismo de Neymar em campo. E isso deveria ser um marco na cabeça de um jogador com sua história e sua idade. Neymar está, talvez, a caminho da sua última Copa do Mundo, em 2026. Mas para chegar até lá em condições de fazer diferença, precisa de foco. Precisa de futebol.
O problema é que Neymar tem sido personagem de muitas histórias — só que fora das quatro linhas. Eventos, baladas, pôquer, anúncios de gravidez… tudo menos bola. E enquanto as manchetes forem essas, o futebol dele continuará em segundo plano. Mas quando ele coloca a bola como prioridade, o talento fala mais alto. Como falou ontem.
A vitória foi importante para o Santos, sim, mas o jogo em si foi angustiante de assistir. É Neymar cercado por jogadores medianos, pressionados pela sua presença, pelo seu comando, pelo seu temperamento. Ele cobra, reclama, se irrita — e isso pesa, especialmente para os mais jovens. Neymar manda no time, no vestiário, no clube. E isso, por vezes, mais atrapalha do que ajuda.
Um exemplo foi a estreia de Robinho Júnior, filho de Robinho. Um garoto promissor, que já conta com o apoio incondicional de Neymar. Pode ser uma aposta interessante, mas é cedo demais para qualquer euforia.
No fim das contas, o que realmente importa é que Neymar voltou a ser manchete por um gol, por um jogo, por uma vitória. E isso já é muita coisa. Francamente, nem me lembro quando foi a última vez que isso aconteceu. Dois anos? Três? Mais?
Tomara que ele tome gosto novamente por esse tipo de protagonismo — o esportivo. É isso que Carlo Ancelotti quer ver. E é disso que a seleção brasileira precisa.