Na minha coluna publicada ontem, escrevi que o Flamengo jogaria seu futuro na Copa do Brasil contra o Atlético Mineiro sob uma pressão desproporcional. Disse, textualmente, que “o torcedor rubro-negro tem um quê de soberania delirante. Acha que seu time é invencível, que perder não faz parte do script, e que técnico bom é aquele que ganha tudo — o tempo todo”. Fui massacrado nas redes pelos flamenguistas, mas não deu outra.
Bastou a eliminação nos pênaltis para o apocalipse se instalar. Fui criticado por antecipar esse risco, mas bastaram alguns minutos após o jogo para que o tom generalizado da torcida confirmasse: eu bem que avisei.
A ira se concentrou em Felipe Luiz. A decisão de colocar o jovem Wallace Yan para bater o último pênalti foi vista como um erro crasso de liderança. “Filipe Luís estava com a cabeça em qual lugar escalando um garoto que nunca cobrou pênalti no profissional para a última cobrança da série?”, questionou um torcedor no X. Outro foi direto ao ponto: “Parabéns, Filipe Luis, agora podem focar no Brasileiro e na Libertadores sem peso na consciência.”
A indignação foi de todas as ordens — racional, emocional, escancarada. “Falta de culhão”, “falta de comando”, “vergonha”, “irresponsabilidade”, foram alguns dos termos mais brandos usados em meio à fúria online. Teve torcedor pedindo para que Wallace Yan (que é muito bom de bola, diga-se) não vista mais a camisa do Flamengo na Libertadores, e outros questionando a substituição de Pedro, o único que “segurava os zagueiros”.
O jornalista Thiago Asmar, da Jovem Pan, flamenguista roxo, conhecido como “Pilhado”, resumiu bem o sentimento geral da Nação: “Todo mundo sabia que o Wallace Yan ia perder o pênalti. Ele era o jogador sob mais pressão no confronto. E mesmo assim jogaram o moleque na fogueira. É inadmissível que eu, de fora, veja isso, e o treinador, não.”
O Flamengo tem estrutura, dinheiro, torcida. Mas precisa, urgentemente, de algo mais valioso que tudo isso junto: comando. Porque não é só sobre perder. É sobre quem manda, quem protege, quem lidera. E ontem, mais uma vez, o Flamengo foi um time órfão de liderança.
Não estou aqui para tripudiar. Estou apenas para registrar que o alerta estava dado. E se você leu a coluna antes do jogo, sabe que — com toda humildade — eu bem que avisei.