
Ao mesmo tempo em que a Justiça de São Paulo acolheu a denúncia do Ministério Público contra Augusto Melo, presidente afastado do Corinthians – transformando-o em réu no chamado “Caso VaideBet” – está marcada para o começo de agosto uma Assembleia de associados que pode decidir pela volta do cartola ao comando do clube.
A acusação envolve ainda os ex-diretores Marcelo Mariano (o “Marcelinho”), Sérgio Moura e o empresário Alex Cassundé. O MP pede, entre outras medidas, que os quatro sejam responsabilizados por um suposto prejuízo de R$ 40 milhões aos cofres do clube. A ação requer ainda o bloqueio de bens dos envolvidos.
O centro da denúncia é a suspeita de irregularidades no contrato de patrocínio com a empresa de apostas VaideBet, que chegou ao clube com alarde, mas rapidamente se tornou o pivô de uma das maiores crises políticas da história recente do Parque São Jorge.
Em nota oficial, a defesa de Augusto Melo classificou as acusações como “falsas” e disse que o presidente afastado é vítima de um “processo ilegal e kafkiano”. Segundo o texto, houve “acesso indevido a dados do Coaf sem autorização judicial” e interferência indevida de órgãos estaduais em um caso que, por envolver contrato internacional, seria de competência federal.
Independentemente do desfecho judicial, o fato é que o Corinthians — mais uma vez — está no centro de uma tempestade política e institucional que em nada contribui para a reconstrução do clube. O escândalo arrasta o nome da instituição para as páginas policiais, compromete a confiança de patrocinadores, afasta investidores e, sobretudo, machuca a torcida.
A grandeza do Corinthians não comporta mais um escândalo de bastidores, mais uma crise alimentada por disputas de poder internas e suspeitas de corrupção. A Justiça precisa atuar com independência e rigor, mas o clube precisa se proteger de virar palco de ambições pessoais e guerras intestinas.
Se há culpados, que sejam punidos exemplarmente. Se há inocentes, que sejam absolvidos com celeridade. Mas o Corinthians precisa de paz, profissionalismo e respeito. A Fiel não merece conviver com a dúvida se quem a representa está lutando pelo clube — ou apenas por si mesmo.
