Conheça os métodos que reduzem o risco de infecção em até 90%
Em um avanço na resposta ao HIV, o Brasil registrou a marca de 104 mil usuários da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) em 2024. Esse número representa mais que o dobro registrado em 2022, quando o quantitativo era de 50,7 mil usuários, segundo o Ministério da Saúde¹. O marco ganha destaque durante o Dezembro Vermelho, mês dedicado à luta contra o HIV e a Aids, uma vez que a estratégia de saúde pública é utilizar os medicamentos como forma de prevenção da infecção pelo vírus em pessoas com risco de contato.
O panorama mais recente sobre HIV e Aids no Brasil², do Ministério da Saúde, com dados até outubro de 2024, revela uma dinâmica complexa na epidemia. Em relação à notificação de novos casos de HIV, o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) registrou 19.928 casos em 2024.
Para a infectologista Luísa Chebabo, dos laboratórios Sérgio Franco e Bronstein, da Dasa, a prevenção combinada – que alia o uso de preservativos às profilaxias medicamentosas, como a PrEP e a Profilaxia Pós-Exposição (PEP) – é um método que tem o mesmo objetivo: evitar o contágio. No entanto, ele deve ser usado em situações distintas e pode reduzir o risco de transmissão do vírus em até 90%.
“Para uma precaução mais ampla, essas profilaxias devem ser combinadas com o uso de preservativos durante as relações sexuais, pois a PrEP e a PEP não protegem o indivíduo de outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), como HPV, sífilis e gonorreia”, alerta a médica, que detalha as formas preventivas do HIV.
Três informações essenciais sobre prevenção do HIV
1. Preservativos: o uso correto do preservativo (masculino ou feminino) é fundamental, pois é a forma mais eficaz de proteção contra todas as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), além do HIV.
2. PrEP (Profilaxia Pré-Exposição): trata-se de uma combinação de medicamentos antirretrovirais indicada para pessoas sem o vírus, mas com alto risco de exposição (como parceiros soropositivos ou grupos vulneráveis), e que deve ser utilizada antes da relação sexual, permitindo que o organismo esteja preparado para enfrentar um possível contato com o HIV, de modo a reduzir em até 90% as chances de transmissão.
3. PEP (Profilaxia Pós-Exposição): é um tratamento de emergência para ser usado após uma possível exposição ao vírus (relação sem preservativo, rompimento da camisinha ou violência sexual). Deve ser iniciada em até 72 horas depois do ato e mantida por 28 dias, diminuindo o risco de contágio em cerca de 80%.
Outra estratégia importante na prevenção de ISTs bacterianas como a sífilis, a clamídia e a gonorreia é a DoxiPEP (profilaxia pós-exposição com doxiciclina), que consiste na administração de uma dose única do antibiótico doxiciclina logo após uma relação sexual sem proteção.
“Estudos atuais suportam o uso dessa estratégia em pessoas selecionadas, que tenham um comportamento sexual de maior risco para aquisição de ISTs. Embora não substitua o uso do preservativo, trata-se de uma ferramenta adicional para a prevenção combinada de ISTs”, explica Luísa Chebabo.
Segundo a especialista, o diagnóstico precoce do HIV é uma ferramenta importante na resposta à epidemia, permitindo o início imediato do tratamento antirretroviral. Esse tratamento não apenas melhora a qualidade de vida da pessoa, como também a torna intransmissível ao manter a carga viral em níveis indetectáveis.
“O teste de detecção pode ser realizado gratuitamente e de forma sigilosa em qualquer unidade de saúde (SUS), utilizando o método rápido, cujo resultado é liberado em minutos, ou por meio de exames laboratoriais convencionais. A testagem regular é fundamental para indivíduos com vida sexual ativa ou que tiveram alguma exposição de risco”, finaliza a médica.