sábado, 13 de dezembro de 2025
Demissões em massa após eliminações precoce
12/07/2025

A dura realidade do futebol feminino no Brasil, mas que também vale para alguns clubes do masculino, revela-se, mais uma vez, após as eliminações precoces de clubes no Campeonato Brasileiro e na Copa do Brasil.

Com calendários curtos e pouca estrutura, as equipes que dão adeus às competições nacionais ainda no primeiro semestre enfrentam, em alguns casos, um vazio de mais de 40 dias sem jogos oficiais. Para aquelas que ainda têm um campeonato estadual para disputar.

Sem torneios para disputar no momento, sem receitas, muitos clubes tomam a decisão mais cruel: a dispensa total do elenco. Para recontratar apenas próximo do estadual.

Essa prática, recorrente de administração de clubes, de ter o elenco só para uma competição, além de injusta, é desumana, em especial quando o contrato de trabalho prometido era por um prazo muito maior. Razão pela qual a atleta escolheu aquele clube, deixando sua casa.

As atletas, que dedicam-se profissionalmente ao desporto, são penalizadas por uma lógica empresarial que ignora os direitos trabalhistas e a dignidade das jogadoras. Que muitas vezes deixam de aceitar outras propostas em razão do tempo de contrato originalmente ofertado, já que era por tempo certo e não para a competição.

O risco do negócio é do clube, não da atleta.

Nenhum trabalhador deve ser responsabilizado ou descartado por decisões estratégicas ou falhas administrativas. É muito menos pela eliminação precoce de competições.

É urgente repensar o modelo atual, criar calendário contínuo e garantir condições dignas para quem vive do futebol.

A paixão e o talento das jogadoras merecem mais do que migalhas de profissionalismo, não basta anotar a carteira, tem de cumprir o prazo integral do contrato ou indenizar o que faltar.

Muitas atletas nesse momento estão passando por isso, sendo dispensadas, pela simples eliminação do clube de competições, com base em uma cláusula contratual que pode ser facilmente anulada, que transforma um contrato que deveria ser por prazo determinado, por força de lei, para prazo indeterminado já que vai terminar quando a equipe for eliminada.

Tal realidade só deve mudar quando os clubes passarem a ser acionados na justiça para pagarem as indenizações competentes pela rescisão antecipada e injusta dos contratos.

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Higor Maffei Bellini é advogado, radicado em São Paulo, defensor dos direitos das atletas do futebol feminino em todo o Brasil.