Amados, a poeira nem baixou e o clima já azedou em Brasília. Estava aqui tomando um suco de laranja (vitamina C) lendo a coluna da minha “best”, Monica Bergamo, sobre o Datenão! A contratação do querido pela EBC mal foi anunciada e já virou alvo de nota de repúdio da Fenaj e dos sindicatos de jornalistas do DF, Rio e São Paulo. A sensação é simples mal chegou, já está no olho do furacão.
O apresentador assumirá um talk show semanal na TV pública e ainda comandará um programa diário na Rádio Nacional. E foi exatamente aí que o caldo entornou. As entidades afirmam que Datena representa um modelo de jornalismo construído no grito, na tensão e no dessabor, marcado por desrespeito sistemático aos direitos humanos e por proselitismo político, práticas proibidas para veículos públicos. É quase como convidar a polêmica para tomar café na redação.
O convite partiu com o aval do próprio presidente Lula, que posou sorridente ao lado do novo contratado no Planalto, selando uma parceria que vem de décadas de amizade. Mas, para os sindicatos, a foto não basta. Eles afirmam que a escolha expõe a falta de um projeto consistente para a comunicação pública e lembram que denunciam o desmonte da EBC desde 2016. Dizem ainda que, no governo Bolsonaro, enfrentaram tentativas explícitas de privatização e censura. E que, mesmo agora, passados três anos do novo governo, pouca coisa avançou na valorização profissional da empresa.
Segundo a Fenaj, o anúncio de Datena na EBC copia os piores modelos do setor comercial e expõe falta de projeto para as emissoras públicas. Foto: Ricardo Stuckert
O apresentador afirma que trabalhar numa empresa vinculada ao governo não o transforma em porta-voz de ninguém. Garante autonomia total, diz que sempre foi independente e que até já enfrentou problemas por isso. Faz questão de cravar que não foi contratado para ser tendencioso.
A estreia está prevista para janeiro, com convidados de alto nível discutindo temas variados, incluindo segurança, área em que Datena atua há décadas.
Mas, até lá, a temperatura promete subir. Porque, entre críticas, abraços no Planalto e comunicados inflamados, o cenário é claro, a comunicação pública virou palco. E o protagonista nem entrou no ar, mas já virou assunto nacional.