domingo, 14 de dezembro de 2025
Conversa com idiota
13/12/2025

Conversar com idiota é o mesmo que dar remédio para defunto, diz a sabedoria popular. O frasco pode ser importado, a bula em latim, a dose exata, mas o defunto segue firme na sua vocação: não reage, não melhora e, muito menos, agradece.

O idiota, diferentemente do morto, ainda fala. E fala muito. Não para ouvir, mas para ocupar o espaço sonoro, como quem acredita que volume substitui raciocínio. Você apresenta fatos, dados, lógica. Ele responde com convicções, boatos e certezas tiradas do fundo do bolso — onde também guarda o celular aberto em vídeos duvidosos.

É inútil argumentar. O idiota não debate, resiste. A conversa vira um ritual: você explica, ele interrompe; você demonstra, ele debocha; você conclui, ele grita vitória. Sai com a sensação de ter gasto saliva, tempo e neurônios em vão, como quem fez massagem cardíaca em estátua de cemitério.

Há idiotas militantes, que confundem ignorância com coragem, e idiotas eruditos, que citam frases fora de contexto para provar que sabem exatamente o que não entenderam. Todos compartilham a mesma virtude: a impermeabilidade absoluta ao pensamento alheio.

Por isso, a sabedoria popular é econômica e precisa. Remédio é caro, conversa é tempo de vida. E nenhum dos dois deve ser desperdiçado com quem já decretou, por conta própria, a morte da razão.

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