Ontem, 27 de maio de 2025, ocorreu um caso de xenofobia durante a partida pela Taça Libertadores da América entre São Paulo e Talleres, no estádio do Morumbis. O episódio envolveu os jogadores Miguel Navarro, venezuelano que atua pelo Talleres e que teria sido ofendido, e Damián Bobadilla, paraguaio que joga pelo São Paulo e que seria o autor da ofensa.
Diante disso, nossa coluna foi buscar entender o que é ser jogadora de futebol e venezuelana no Brasil. Para isso, conversamos com Natasha Rosas, jogadora do 3B da Amazônia.
Com muita sensibilidade e poesia, ela nos respondeu:
Ser venezuelana no Brasil é uma experiência de contrastes. É carregar na alma um país que amo profundamente, enquanto aprendo a conquistar meu espaço em uma terra que me acolheu, mas que nem sempre me compreendeu por completo.
É precisar provar o dobro, falar com orgulho e firmeza quando te rotulam ou subestimam. É, às vezes, sentir o peso dos estigmas, dos comentários que fazem parecer que você não pertence, mesmo trabalhando duro pelos seus sonhos.
Mas também é uma linda oportunidade de resiliência.
De mostrar com atitudes quem eu sou, de honrar meu país com meu trabalho, meu esforço, meu talento e meus valores.
É uma mistura de saudade, gratidão, luta e orgulho.
Ser venezuelana no Brasil é resistir sem perder a doçura.
É construir pontes onde antes havia muros.
É levantar a voz, não só por mim, mas por todas as meninas que vêm depois.
Para Natasha, que está no Brasil desde 2019 — quando começou jogando pelo 3B da Amazônia e, em 2021, se transferiu para o Real Brasília — jogar futebol aqui é mais do que uma mistura de sentimentos. É a oportunidade de representar seu país e também de apoiar a família que ficou na Venezuela.
E eu não poderia encerrar a coluna de hoje sem lembrar que todo ser humano merece respeito, independentemente de sua origem, cor ou religião.
Como é ser venezuelana e jogar no Brasil?
28/05/2025
sobre
Futebol Feminino
Higor Maffei Bellini é advogado, radicado em São Paulo, defensor dos direitos das atletas do futebol feminino em todo o Brasil.