O Avaí/Kindermann levantou seu 16º troféu catarinense feminino, mas a maior vitória talvez tenha sido a coragem de suas atletas e comissão técnica de esperar até o último momento o recebimento do salário, que já estava há muito tempo atrasado.

O time quase não entrou em campo na final contra o Criciúma, pressionado por quase quatro meses de salários atrasados, o que complicava a vida pessoal das atletas, que não tinham dinheiro para honrar suas contas, como faria com qualquer ser humano, de qualquer profissão.

As atletas do Avaí Kindermann deixaram suas casas nos mais diversos cantos do Brasil para trabalhar e receber por isso. Que contam com o recebimento dos seus salários para honrar seus compromissos pessoais.

Só após o clube cumprir a promessa de pagamento de dois salários e com a segunda parcela caindo apenas na manhã de sábado, véspera da decisão, a bola rolou.

A entrega em campo foi tão valiosa quanto a postura fora dele: firme, unida, exigindo o básico que todo trabalhador merece: respeito. Como aconteceu há alguns anos com as jogadoras do Real Ariquemes, que não foram a campo contra o Santos por falta de pagamento de salários, gerando uma das imagens mais emblemáticas do futebol: as meninas unidas na linha do campo, sem nele entrar.

O título veio nos pênaltis, mas o respeito ainda precisa ser conquistado agora, talvez, via Justiça, para receber o que ainda não foi pago.