A decisão do Tribunal de Justiça Desportiva do Amazonas de suspender preventivamente o Campeonato Amazonense de Futebol Feminino 2025, após indícios de manipulação de resultado no jogo entre Itacoatiara FC e Manaus FC, não pode ser analisada apenas pelo prisma da ética esportiva. Há um impacto direto e imediato sobre a realidade financeira dos clubes envolvidos.
No futebol feminino, a margem de orçamento já é apertada. Cada real é calculado com extremo cuidado, e não existe o colchão de receitas que o futebol masculino oferece. Quando a competição é paralisada, como agora, os clubes continuam obrigados a pagar salários de atletas e comissão técnica, mas sem a contrapartida de bilheteria, visibilidade e, principalmente, patrocínios vinculados às partidas.
É evidente que a Procuradoria Desportiva tem razão em levar adiante uma investigação sempre que paira a sombra da manipulação de resultados. Afinal, nada mina mais a credibilidade de um campeonato do que a suspeita de fraude. Mas o custo dessa decisão liminar — que pode se arrastar por semanas — coloca em xeque não apenas a competição, mas a própria integridade financeira das equipes, que talvez não suportem esse hiato.
Na prática, o risco é que a punição preventiva termine atingindo também quem nada tem a ver com o episódio: atletas inocentes, dirigentes sérios e torcedores que veem no futebol feminino uma oportunidade de crescimento e inclusão. Se não houver celeridade no julgamento, a denúncia poderá comprometer algo muito maior do que um campeonato — poderá sufocar um projeto esportivo inteiro.