O torcedor do Botafogo está vivendo um déjà-vu de angústia. Depois de desfrutar da modernidade da SAF – ganhou títulos importantes como a Libertadores e o Brasileirão – havia a promessas de grandeza global, de voltar a ser um gigante no futebol brasileiro. Porém, o que se vê agora é uma nuvem densa de incertezas pairando sobre General Severiano.
O personagem central dessa trama, o empresário americano John Textor, foi recebido como um messias. No começo da sua gestão, chegou a declarar — com certo tom de megalomania — que tinha mais dinheiro que o Barcelona. Hoje, a realidade bate à porta com um boletim de cobrança: Textor está financeiramente encurralado, perdeu o controle do Lyon e, agora, corre o risco real de ver o Botafogo escapar de suas mãos.
Textor está tentando transferir o Botafogo para uma empresa sediada nas Ilhas Cayman — paraíso fiscal conhecido por abrigar estruturas financeiras opacas. Só que ele já não tem grana no bolso para investir no time. A credibilidade, que já vinha arranhada, virou pó: usou o próprio Botafogo como garantia para comprar o Lyon, não quitou o empréstimo e, como agravante, basicamente transferiu ações do clube de forma obscura, aproveitando-se de uma decisão de primeira instância obtida no Rio de Janeiro.
A nota oficial divulgada semana passada pelo clube carioca é quase uma tentativa de acalmar a torcida em meio ao incêndio. O Botafogo afirma que emprestou mais de R$ 560 milhões ao Lyon, por meio de direitos econômicos de jogadores, para socorrer o clube francês e garantir que ele não fosse rebaixado. Agora, cobra o reembolso — algo que dificilmente virá. E mais: notifica a Eagle Football (empresa do próprio Textor) por ter intermediado vendas de atletas como Luiz Henrique, Igor Jesus, Jair e Savarino para o Lyon, cobrando mais R$ 410 milhões.
Enquanto isso, a Eagle — que era para ser o guarda-chuva dessa “família de clubes” — tenta se desvincular de Textor, deixando claro que nem os sócios acreditam mais em seu projeto. A própria nota do Botafogo deixa escapar que novas fontes de investimento estão sendo consideradas, e que a permanência do atual sócio majoritário depende agora de aportes financeiros concretos — e não mais de promessas e discursos vazios.
O que está em jogo não é só o controle da SAF. É a alma do clube. John Textor pode até ter tido boas intenções — ou não. Mas o que é certo é que, neste momento, o torcedor botafoguense está sendo deixado no escuro. E. isso é revoltante.
