O mexerico nunca foi apenas uma conversa fiada. É um editorial oral, um manifesto clandestino que circula entre salões de beleza, esquinas e grupos de WhatsApp. Quando alguém solta um “tu soube?”, não está só matando o tempo — está erguendo ou demolindo reputações, definindo quem merece aplauso ou vaias.

Na política, o mexerico é ainda mais venenoso. Serve de arma para quem não tem preparo, estratégia nem coragem para enfrentar o debate sério. É o atalho de quem prefere cochichar no corredor a apresentar propostas na tribuna. Em vez de ideias, espalham boatos; em vez de argumentos, lançam suspeitas.

O mexerico é uma ideologia rasteira, que organiza ressentimentos e fortalece vaidades. Ele consola o medíocre e alimenta o ego do fofoqueiro, que se sente grande ao ver o outro cair. No fim, quem mexerica sonha apenas com uma plateia que o aplauda — mesmo que seja só na calçada.